Para Isaac Asimov (onde quer que ele esteja)

Agora que estamos vendo os primeiros robôs humanóides e estamos bem próximos de conviver com robôs capazes de fazer trabalhos repetitivos, quero escrever sobre um pensamento que já tenho faz tempo sobre eles.
Acredito que chegaremos a ser capazes de fazer uma máquina que seja totalmente indistinguível de um ser humano.
Para que isto seja possível devemos ter uma máquina com uma aparência exatamente igual nos mínimos detalhes e um cérebro capaz de controlá-la.
Quanto à parte da máquina, já temos hoje robôs com movimentos e articulações bem avançadas e estamos perto de conseguir uma movimentação igual ou superior à humana. Músculos e pele estão sendo desenvolvidos. Já existem músculos artificias capazes de reagir a um estímulo elétrico e os estudos com materiais já estão bem avançados também. Temos tecidos que parecem bastante com pele. Estes estudos logo permitirão que se crie tecidos que serão indiferenciáveis da pele humana. Teremos então, uma máquina capaz de mecanicamente simular todos os movimentos, expressões e sentimentos humanos.
O problema maior é, claro, o cérebro. Mas pensemos assim: o conjunto de todos as possibilidades de reação, expressão e atuação que um ser humano pode ter, são astronomicamente grandes. É impossível calcular o seu número. Mas podemos dizer com segurança que ele é finito. Sendo finito a limitação de construir uma máquina capaz de simular em todos os aspectos um ser humano, depende basicamente de quantas informações podemos guardar neste hipotético cérebro, da velocidade e precisão com que captamos informações exteriores, da velocidade de processamento destas informações e da velocidade com que elas podem ser transmitidas aos seus componentes. Tudo isto é também finito e portanto atingível.
Este enorme número de possibilidades poderia ser substancialmente reduzido se fossem removidos os comportamentos indesejáveis ou inúteis. Por exemplo: se eu pergunto as horas para alguém, as possibilidades de reação dessa pessoa são muito grandes. Ela pode me dizer as horas, pode não me dizer as horas, pode mentir a hora, pode estar sem relógio, pode me dar um tapa, pode fugir correndo e pode digamos, ficar de ponta cabeça e tentar pular com as mãos. As reações são muitas porque temos possibilidades infinitas. Mas se pensarmos bem, para que serve termos a liberdade de ficar de ponta cabeça e tentar pular quando alguém nos pergunta as horas ? Para que serve termos a possibilidade de agredir alguém que nos pergunta as horas ? Acredito que estas possibilidades podem ser eliminadas do banco de dados de tal máquina, sem qualquer prejuízo para a simulação do comportamento humano.
Acredito portanto que podemos chegar no futuro a construir uma máquina que nenhum ser humano poderia reconhecer como máquina. Que pareceria aos olhos do mais perspicaz dos homens, um outro ser humano. Esta máquina será capaz de simular todos os tipos de emoções, consciência, criatividade e inventividade humana.
Mas ela não será capaz de sentir coisa alguma. Ela somente simulará que sente. Por isso, o que me interessa nessa idéia, não é debater se poderemos ou não construir tal máquina no futuro, o que me interessa é pensar se, uma vez construída tal máquina, o Poder Superior, Deus, a Divindade – chame como quiser – poderia permitir que um espírito encarnasse nela.
Porque se fosse esse o caso, ela poderia sentir e viver verdadeiramente. Só que em um corpo muito superior ao nosso. Seria a possibilidade de nossa raça imperfeita construir outra raça superior a ela, ainda não perfeita, mas seguramente muito melhor. Construída através do intelecto, da ciência e da fé. Uma raça onde cada individuo poderia viver por no mínimo muitos milhares de anos. O que poderia fazer um indivíduo que vivesse milhares de anos ? Talvez pudesse chegar a viver eternamente, uma vez que seu corpo seria facilmente “curado” através da tecnologia.
Isso seria a glorificação da humanidade. Seria o sonho de Nietzsche. A criação do super-homem!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *