Carta à coroa por ocasião da perda do príncipe herdeiro

Atualmente ainda há quem defenda a monarquia. Em alguns países ainda existem reis, ainda existe quem se considere “nobre” ou “bem-nascido”. Na maioria dos casos, estas famílias não passam de caros bibelôs de luxo pagos pelo contribuinte sem poder real. Imaginemos um reino moderno, no séc. XXI onde ocorreu a morte do príncipe herdeiro. Esta é uma hipotética carta de um homem comum à coroa por ocasião deste acontecimento.

A vós senhores, que ainda ostentais tão ridículos títulos a este tempo, eu vos digo: a dor a é mesma. A dor é a mesma!
Quantas tragédias, quantas mortes, quão ridículo aos olhos de tantos ainda haveis de passar até te dares conta que teu tempo passou!
Joguem fora seus títulos! Joguem fora seus luxos. Abram mão de suas tão babilônicas vaidades. Há muito a Babilônia se foi.
Teu poder à muito se esvaiu, teus exércitos, outrora grandes, hoje não passam de enfeites pavoneantes.
Aproveita o tempo com teus filhos enquanto ainda os tens!
Que te valem teus luxos agora ? Não os trocarias todo por veres teu príncipe voltar ?
Não percebes ? A dor é a mesma. Para mim e para ti. Sem distinções, sem títulos, sem superioridades, sem maior ou menor, sem reis, rainhas, dons, príncipes ou princesas e tão somente a singeleza do tu e eu.
Já passou o tempo desses títulos ó majestades. Já se foram as carruagens, restando apenas as abóboras.
Está na hora de acordar. Está na hora de verdes que sois tudo o que sempre foste… eu e tu.
Vem… que seja um novo tempo. Que sejamos iguais e que por isso possamos permitir que o outro veja o quanto sofremos, ao invés de novamente ter de nos esconder atrás de nossa vaidade, para que ela e só ela possa prevalecer, enquanto nosso espírito esmorece mais e mais atrás das máscaras.
Não mais! Afasta-te ó vaidade! Arreda-te! Ó majestades deixai-a ir! Deixai cair as máscaras! Eu sei que a dor é a mesma. Tu também sabes. Então porque haveríamos de carregar ainda a vaidade conosco, já que temos que carregar tão pesado fardo ? Deixai-a ir majestades! Ela já recebeu seu quinhão.
Sois iguais a mim majestades. Bem o sabes. Apenas por tempo demais tentaste enganar a mim, mas principalmente a ti. Já é tempo majestades. É tempo de virdes até mim. Para que servem teus títulos ? Os luxos e as poses ? Se no final tudo o que precisamos é somente entender que não existem bem-nascidos e plebeus, mas tão somente o tu e eu.
Venham comigo majestades. Vamos descobrir um novo dia. Vamos descobrir um novo tempo onde possamos descobrir juntos um meio para que nossos filhos não morram majestades! Ao invés de perder tempos com luxos e vaidades. A vaidade só nos distrai. Faz com que percamos tempo e oportunidades de conhecer pessoas simples, lindas e leves que a vaidade corruptivamente acha inferiores. Eles são iguais majestades! Talvez menos vaidosos. Talvez com menos luxos. Talvez com menos poses. Talvez tenham menos dificuldades em pronunciar seus próprios nomes. Quem sabe talvez mais produtivos majestades.
MAS EU VOS DIGO MAJESTADES! A DOR É A MESMA! A DOR É A MESMA!

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