Stairway to Heaven – Led Zeppelin

A música Stairway to Heaven do Led Zeppelin, é até hoje a música mais tocada nas rádios americanas e uma das músicas mais tocadas (senão a mais tocada) de todos os tempos. Jimmy Page a compôs entre 1970 e 71. É uma das mais importantes criações músicais da década de 70. Sua profundidade, beleza e grandiosidade, chegam até os dias de hoje como uma luz na escuridão.

O significado de sua letra tem sido amplamente discutido por fãs ao longo das décadas com as mais viajantes idéias. Hoje acho que entendo bem o que Jimmy Page quis dizer.

Tentarei neste artigo dar minha compreensão a respeito dela. Começo apresentando a letra e minha tradução da mesma. Aos incautos de plantão um aviso: minha explicação é uma viagem ó. 🙂 Se baseia em estudos de ocultismo e de diversas linhas espirituais e/ou religiões. Se vc é um intelectual ateu, nem leia.

Stairway to Heaven

There’s a lady who’s sure all that glitters is gold
And she’s buying a stairway to heaven
When she gets there she knows, if the stores are all closed
With a word she can get what she came for
Ooh, ooh, and she’s buying a stairway to heaven

There’s a sign on the wall but she wants to be sure
‘Cause you know sometimes words have two meanings
In a tree by the brook, there’s a songbird who sings
Sometimes all of our thoughts are misgiven
Ooh, it makes me wonder
Ooh, it makes me wonder

There’s a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking
Ooh, it makes me wonder
Ooh, it really makes me wonder

And it’s whispered that soon if we all call the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forest will echo with laughter

If there’s a bustle in your hedgerow, don’t be alarmed now,
It’s just a spring clean for the May Queen
Yes, there are two paths you can go by, but in the long run
There’s still time to change the road you’re on
And it makes me wonder

Your head is humming and it won’t go, in case you don’t know
The piper’s calling you to join him
Dear lady, can you hear the wind blow, and did you know
Your stairway lies on the whispering wind

And as we wind on down the road
Our shadows taller than our soul
There walks a lady we all know
Who shines white light and wants to show
How everything still turns to gold
And if you listen very hard
The tune will come to you at last
When all are one and one is all
To be a rock and not to roll

And she’s buying the stairway to heaven

A Escadaria para o Céu

Existe uma dama que está certa que tudo que reluz é ouro
E ela está comprando uma escadaria para o céu
Ela sabe que quando chegar lá, se todas as lojas estiverem fechadas
Com uma palavra ela pode ter o que veio buscar
Ooh, ooh, e ela está comprando uma escadaria para o céu

Há um aviso na parede, mas ela quer se certificar
Porque, você sabe, às vezes as palavras têm duplo sentido
Numa àrvore perto de um riacho há um pássaro que canta
Algumas vezes, todos os nossos pensamentos se perdem
Ooh, isso me faz pensar
Ooh, isso me faz pensar

Eu tenho um sentimento, quando olho para oeste
E meu espírito está querendo sair
Nos meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça entre as àrvores
E as vozes daqueles que nos olham
Ooh, isso me faz pensar
Ooh, relamente me faz pensar

E é sussurado que em breve, se todos nos unirmos à música
Então o bardo nos levará à razão
E um novo dia nascerá, para todos os que se mantiverem no caminho
E as florestas irão ecoar com risos

Se há barulho na sua vizinhança, não se assuste,
É só uma dança para a Rainha de Maio
Sim há dois caminhos que você pode seguir, mas na longa estrada
Sempre há tempo de mudar o caminho em que você está
E isso me faz pensar

Sua cabeça dói, e parece emperrar, caso não tenha entendido
O bardo está lhe chamando para se juntar a ele
Cara dama, você consegue ouvir o vento soprando, e sabia que
Sua escadaria está no vento sussurrante

E enquanto nós nos balançamos na estrada
Nossas sombras maiores que nossas almas
Lá caminha uma dama que todos conhecemos
Que brilha luz branca e quer mostrar
Como tudo ainda se transforma em ouro
E se você ouvir atentamente
A música finalmente chegará até você
Quando todos forem um e um é tudo
Ser uma rocha e não rolar

E ela está comprando a Escadaria para o Céu

Minha compreensão sobre esta música é que ela trata do caminho espiritual, no que se refere ao chamado “caminho da mão direita” ou seja a purificação da alma, a união dos seres humanos, o desapego aos desejos materiais e às forças de luz que guiam o nosso caminho.

Na primeira estrofe temos :

Existe uma dama que está certa que tudo que reluz é ouro
E ela está comprando uma escadaria para o céu
Quando chegar lá ela sabe que se as lojas estiverem todas fechadas
Com uma palavra ela pode obter o que veio buscar
Ooh, ooh, e ela está comprando uma escadaria para o céu

Esta dama do primeiro verso é o aspecto feminino da divindade: Maria, Isis, Iemanjá, Nossa Senhora Intercessora, Kundalini, nossa Mãe Espiritual, aquela que nos guia e que intercede junto a Deus, acreditando em nós, e tentando achar meios de nos manter no caminho da luz. Por isso “ela está certa que tudo que reluz é ouro”, o ouro é o nosso espírito que mesmo apagado por nossos erros (apenas reluz), ainda brilha e tem chances de ascender no caminho de evolução espiritual. Ela está portanto comprando para nós uma “Escadaria para o Céu”, ao nos guiar e interceder por nós. As frases seguintes dizem: “Quando chegar lá ela sabe que, se todas as lojas estiverem fechadas, com uma palavra ela pode obter o que veio buscar” ou seja, referindo-se a se as portas estiverem fechadas para nós, se tivermos acumulado muito carma, se tivermos cometido muitos erros e provocado muito softimento, então “com uma palavra ela pode obter o que veio buscar” – nossa salvação/evolução. Esclarecendo, através da sua intercessão ou influência junto a Deus, ela pode conseguir nossa salvação.

A segunda estrofe diz o seguinte:

Há um aviso na parede, mas ela quer se certificar
Porque vc sabe às vezes as palavras têm duplo sentido
Numa àrvore perto de um riacho há um pássaro que canta
Algumas vezes, todos os nossos pensamentos se desviam

O aviso na parede diz que nós somos de um jeito, muitas vezes desviado do real caminho, mas ela deve se certificar se isto é verdade porque, muitas vezes fazemos o mal, querendo fazer o bem, ou fazemos o mal por alguma falha humana.
As frases seguintes (desconexas em relação ao tema que estava sendo seguido) são a ilustração da necessidade de se manter o foco (concentração) nos nossos propósitos porque nossa atenção se desvia facilmente com pequenos detalhes (um pássaro cantando tira nosso foco. A concentração é parte importante da evolução.

Eu tenho um sentimento, quando olho para oeste
E meu espírito está querendo sair
Nos meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça entre as àrvores
E as vozes daqueles que nos olham

Oeste é um símbolo do futuro, do que há-de vir. Então, pensando no futuro, sinto que meu espírito me chama pra sair, ou seja, devemos tomar consciência das dimensões superiores do cosmos, do que está além da matéria e de sua influência na realidade que vivemos.

“Nos meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça entre as àrvores” é uma referência às brumas, o sereno, que é um símbolo da luz divina permeando o plano físico. E com “as vozes daqueles que nos olham” o autor nos diz que tem se lembrado dos espíritos superiores da natureza que tentam ajudar em nossa caminhada.

E é sussurado que em breve, se todos nos unirmos à música
Então o bardo nos levará à razão
E um novo dia nascerá, para todos os que se mantiverem no caminho
E as florestas irão ecoar com risos

Este é, na minha opinião, o mais belo verso falando da esperaça que toda a humanidade se una a esta música, que neste caso é uma metáfora para o caminho espiritual. “O bardo nos levará à razão”, ou seja, finalmente encontraremos a paz e a harmonia. Bardo é um termo antigo para cantador.

Se há barulho na sua vizinhança, não se assuste,
É só uma dança para a Rainha de Maio
Sim há dois caminhos que você pode seguir, mas na longa estrada
Sempre há tempo de mudar o caminho em que você está
E isso me faz pensar

Se no momento existe turbulência, são apenas os erros dos homems – seus desejos, vontades que são metaforizados em “festas” ou “dança para a Rainha de Maio”, também se pode entender desta frase que mesmo este “apego material” tem a presença da luz com a “Rainha de Maio” – mais uma vez o aspecto feminino da divindade. O resto da estrofe fala por si.

Sua cabeça dói, e parece emperrar, caso não tenha entendido
O bardo está lhe chamando para se juntar a ele
Cara dama, você consegue ouvir o vento soprando, e sabia que
Sua escadaria está no vento sussurrante

Muitas vezes passamos por dificuldades neste caminho, mas agora o bardo está chamando para que nós despertemos de nosso “sono espiritual” e vejamos que existe mais do que a vida material que costumamos viver. E este caminho, está na natureza, no mundo, permeia nossa existência (está “no vento sussurrante”)

A estrofe final é a mais forte de toda a música ( e parte mais rápida e pesada)

E enquanto nós nos balançamos na estrada – e enquanto o caminho fica mais e mais difícil para nós
Nossas sombras maiores que nossas almas – porque nossa parte ruim está muito grande
Lá caminha uma dama que todos conhecemos – ainda existe nossa mãe espiritual
Que brilha luz branca e quer mostrar – que quer mostrar a Deus
Como tudo ainda se transforma em ouro – que nós ainda temos chance
E se você ouvir atentamente – e se prestar atenção
A música finalmente chegará até você – finalmente despertará para a espiritualidade
Quando todos forem um e um é tudo – Quando todos despertarem a humanidade se unirá
Ser uma rocha e não rolar – aí sim seremos firmes e não mais erraremos/cairemos

por isso “ela está comprando a Escadaria para o Céu”

Esta explicação não pretende ser final, nem a verdade absoluta sobre a música, pretende apenas dar minha opinião sobre o sentido de uma das músicas mais profundas que conheço e admiro

Patentes e direitos autorais

A idéia de patentes e/ou direitos autorais surgiu como uma forma de incentivar a inovação tecnológica e premiar os inventores com o “merecido” sucesso financeiro em função de suas criações. Este cenário, se é que alguma vez existiu, foi à muito substituído pela exploração desmedida das mega-corporações deste pseudo-direito. Digo pseudo porque penso que este não é um direito fundamental a ser defendido pelo estado. Justifico-me.
Primeiramente quero aqui excluir da discussão a questão das marcas, porque me parece uma discussão completamente separada. Acredito que seja justo que uma marca específica (leia-se o logotipo e nome da empresa) seja de propriedade de seus donos e que falsificar este nome para enganar o consumidor seja realmente uma prática condenável.
O mesmo não acontece entretanto com as inovações e ou criações que uma determinada empresa/pessoa produz porque a idéia que gerou esta inovação é fruto da interação social. De onde surge uma idéia ? Se pudéssemos dizer que nunca tivemos contato com outros idéias ou outras culturas, como Kaspar Hausers modernos e tivemos uma idéia genuinamente nossa, aí sim poderíamos ter razões para cobrar por nossas idéias e/ou criações. Mas não é assim que acontece.
As idéias nascem por interações sociais. Mesmo aquelas que acontecem quando se está no banheiro fazendo aquele serviço exclusivamente pessoal (esse sim é exclusivo), mesmo essas são influenciadas por idéias e pensamentos gerados na nossa mente pela interação social. Sem a cultura e a informação a que somos submetidos todos os dias não existiriam idéias novas.
Por tanto uma idéia aparentemente sua, na verdade pertence a toda a humanidade. Isso vale para invenções, mas vale também para livros, músicas, softwares, tudo que provém da mente humana, porque estas criações derivam de muitas coisas que vieram antes delas. Qual o compositor que não sofreu influências de quem veio antes dele ? Quantas e quantas vezes vi músicos dando entrevistas dizendo que as principais influências dele foram este ou aquele músico ou banda. E porque achamos que as criações daquele artista pertencem exclusivamente a ele ? Pertencem a ele e a todos os que influenciaram para que aquele disco ou música fosse feito daquela forma. Mais do que isso, pertence a todos que gostaram daquela música e com isso se inspiraram e influenciaram outras pessoas a fazer outras coisas.
A remuneração é devida claro. Mas tem que ser proporcional ao trabalho realizado. Porque um funcionários tem de trabalhar 8 horas por dia para receber o seu sustento e músicos podem sentar e esperar o dinheiro chegar como royalties dos cds vendidos ? Mesmo esta não é a realidade porque o mercado musical é um dos mais corrompidos com coisas como jábas e intermediários sugando o que podem. Mas imaginando um cenário ideal, mesmo assim, o trabalho deve ser pago conforme o tempo de serviço, e não sentar e receber dinheiro sem produzir. Quer ganhar dinheiro com música ? Vá fazer shows. Quanto mais trabalhar, mais deveria ganhar, como todo mundo. Porque músicos e artistas têm de ser especiais ? Não são. São seres humanos iguais a qualquer outro. Por isso devem receber o mesmo tanto. O mesmo vale para escritores, que por sinal deveriam receber mais pelo seu trabalho uma vez que, na maioria das vezes, é muito mais trabalhoso escrever um livro do que fazer um cd com várias músicas.
Mais do que isso. Esse trabalho deveria ser distribuído livremente para que todos pudessem conhecer e divulgar. Tanto livros, quanto músicas, quanto invenções. O conhecimento, a arte e a cultura deveriam ser livres para todos.
Mas aí como os músicos, escritores e inventores teriam seu sustento ? Acredito que na hora que consigamos um sociedade onde estas obras sejam livres para todos, os profissionais envolvidos só teriam a ganhar.
Músicos teriam mais oportunidades de ter sucesso num mercado muito menos fechado do que hoje e sem atravessadores. Os ouvintes não mais seriam influênciados pelos produtores musicais que impõe um cultura própria e a renda derivada de shows não mais seria milionária, mas distribuída. Ruim para um punhado, excelente para a vasta maioria. E mesmo esse punhado sobreviveria bem.
Quanto aos Escritores, acredito que a liberação total dos textos provocaria uma revolução muito positiva. Deixaria de haver tanta produção banal para concentrar a mesma em um tipo muito mais idealista e interessante de produção literária. O número total de livros caíria, mas a importância de quem escreve subiria bastante. O que permite lucrar em outras àreas, como produtos agregados, palestras, etc. Isto promoveria um aumento significativo do alcance da cultura e da literatura que tanto precisamos. Podería então haver programas estatais ou mesmo privados de incentivo à escrita para poder custear o trabalho destes profissionais. Esta é um debate longo, na verdade não há uma fórmula pronta, mas acredito sinceramente a literatura técnica ou não deveria ser disponibilizada gratuitamente para todos.
Quanto ao software, nada melhor que o movimento de software livre para falar por mim. Este está se tornando cada vez mais robusto e confiável. Acredito que chegará o tempo de vermos o software comercial acabar. Quando isto acontecer, o software será desenvolvido por cooperação, e programas estatais e/ou privados o que permitirá que a humanidade toda tenha acesso à tecnologia e não apenas quem pode pagar por ela.
Há muito tempo que as patentes se tornaram moeda de troca entre empresas. Eu te processo pela patente tal, mas deixo pra lá se você não me processar pela patente tal. Se você não tem patente pra trocar se ferrou. É o caso de países pobres. Que sofrem muito com esta situação.
Patentes e direitos autorais são ferramentas da centralização da renda. Conteúdo livre, música livre, software livre são instrumentos da evolução humana.

A elegância e o peido

De longa data sou avesso ao conceito de elegância. É inacreditável ver o valor que se dá a esta besteira.

Parecem bonecos de porcelana intocáveis. Na verdade não presta para nada porque esta mesma elegância é tão frágil que pode ser destruída por uma rajada de vento, um simples movimento da perna errado ou uma encostada na parede. Detalhes bestas arrasam rapidamente esta frágil fantasia.

Tem uma experiência que gosto de fazer e que nos traz de volta imediatamente a realidade dos fatos quando nos encontramos perante alguém muito bem vestido: Imagine um executivo em seu terno Armani com aquele “LOOK” arrasador. Ora, sabemos muito bem que este indivíduo como ser humano que é, peida. Imagine que debaixo daquela calça bonita e cara, ele peida! Vejamos os detalhes: o peido sai de dentro dele e cheira mal. Tão mal quanto o de qualquer um. E o peido sai igualzinho, e o cheiro é igual ou pior. O que pode ser mais deselegante que isso ? Então veja só, o peido se torna um fator de desmistificação da elegância da pessoa em questão. Porque afinal não há nada mais antigo, medieval e deselegante que um peido, não é mesmo ?

Independentemente de experiências humorísticas, elegância foi criada para que pessoas se mostrassem superiores aos outros. Mais modernos, mais sofisticados, mais ricos. Foi criada para mascarar a necessidade de se sobressair intelectualmente. Por exemplo, em quem você confia mais pra uma tarefa específica ? Naquele executivo de paletó ou num punk ? (eu com certeza confio mais no punk de longe). Mas o certo mesmo é que devíamos confiar era em quem estivesse mais preparado intelectualmente, e não em quem estivesse melhor vestido. Porque afinal, o que é necessário para uma tarefa é conhecimento técnico e não elegância.

Algumas tarefas necessitam de elegância. Mas isso se deve unicamente ao fato de toda sociedade estar tomada pela bendita fantasia que a roupa faz o homem. E é exatamente o contrário. Acredito ao contrário que quem se veste bem demais pretende justamente ocultar o seu lado ruim com roupas belas que denotam “uma certa nobreza”.

Elegância em exagero atrapalha o trabalho ao invés de ajudar. Você está sempre preocupado em não se sujar, não manchar a roupa. Enfim, está preso. Preso aos outros. Preso a agradar os outros.

Você se veste bem pra se sentir bonita ? Porquê ? Se nua você é feia não vai ficar bonita de jeito nenhum. Pode ficar mais ridícula se pintando. Mas jamais vai ter a beleza radiante de uma menina que é linda sem qualquer produção ou maquiagem.

Quem é belo, não necessita de nenhuma produção para ser absolutamente arrasador. E quem tenta se comparar a isso com maquiagem, só fica artificial, e muitas vezes ridícula.

Quando vejo pessoas jovens absolutamente produzidas me afasto naturalmente. Vejo-as como pessoas que perdem suas juventudes dando valor a status e desfiles que os fazem absolutamente pequenos. Vejo que não se preocupam com questões maiores e estão tão absolutamente ligados á sua pequena vaidade, que normalmente só compram infelicidades para suas vidas. Vejo a elegância, como algo ultrapassado, provinciano (tipo roupa de domingo), como fantasia que dura breves momentos, como um fator que nos afasta de nós mesmos, como algo que tenta esconder aspectos ruins de nossa personalidade, como um fator que gera pobreza porque pessoas são colocadas de lado por preconceitos contra seu jeito de vestir. Vejo a elegância como coisa de quem não aprendeu nada na vida e com a vida. Vejo como algo que não deveria nem existir. Porque afinal uma hora você vai estar bem vestido e vai peidar, lembra ?

Apologia ao nada

Caríssimos srs,

Venho por meio desta expressar minha grande estima e consideração a todos, sendo esta extensível aos membros de suas respectivas famílias, amigos, conhecidos e outros que porventura queiram incluir em tão nobre lista.Espero poder encontrar a todos de boa saúde, primando sempre pela superação de suas vidas, e realização de suas mais altas espectativas.
Quero também parabenizá-los pelas realizações já conquistadas nesta longa caminhada que temos

feito juntos neste mundo tão atribulado e tão necessitado.

Reitero que o motivo que me leva a elaborar esta missiva prima de grande importância e valor.

Antes porém não podia ater-me de enviar saudações a nossos estimados leitores freqüentes e outros que quiçá estejam de passagem por tais paragens.

Nos dias de hoje encontramos grande dificuldade de encontrar espaço em nossa preenchida agenda de compromissos. Compreendo que existem necessidades da mais viva importäncia, que nos levam a um vida cada vez mais plena de atividades.

Por tal é deveras inquantitativo o apreço que sinto por tal honra que me dedicam.
Começo minha narrativa incluindo um pequeno espaço para que possam meditar profundamente sobre todo o vazio da existência

Assim podemos melhor compreender que temos grandes necessidades. Preementes diria. E que venho por hora, não diria endereçar, mas quiçá compreender.

Portanto, expresso minha satisfação em que pudéssemos ter passado juntos, alguns momentos agradáveis, prazerosos, impares e por que não dizer esplendorosos.

Momentos que ficarão gravados eternamente em nossas mentes, e que seguramente gerarão frutos, histórias, pensamentos, análises, quem sabe até teses de doutorado, ou não sei lá.

Não gostaria de me despedir, sem novamente reiterar meu apreço, consideração e amizade recheada de lirismo afetuoso e sincero.

Sem mais despeço-me de todos, esperando ter contribuído para o aumento de sua capacidade cognitiva, no sentido de não ficar mais perdendo tempo com todas as bobagens que aparecem na internet.

Saudações cordiais,

Nelson Teixeira

Ser governado

O texto abaixo é um trecho do texto original escrito por um dos principais anarquistas dos séc. XIX e reflete muito bem tudo o que o estado moderno representa.


Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado,admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado; e por criaturas que para isso não tem o direito, nem a sabedoria, nem a virtude…

Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido,explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; tudo isso em nome da utilidade pública e do bem comum.

Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados.

Isso é o governo, essa é a sua justiça e sua moralidade! …

Oh, personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante sessenta séculos ?

Pierre Joseph Proudhon em
“Idée générale de la révolution au XIXe siècle”

Máquinas!

Vivemos rodeados de máquinas! Eu gosto muito delas apesar dos esforços que certas, digo, certa corporação faz, para que nosso relacionamento com elas fique cada vez pior.
Elas são vistas na maioria das vezes como frias, algo como a materialização do mal. Um negócio meio sem alma. Juro que queria ver alguém tentando argumentar a favor desse ponto pilotando uma boa Harley-Davidson.
Não me lembro quantos debates em mesa de bar já tive, tentando argumentar a favor de que pode e seria bom que existisse uma máquina igual a um ser humano, que fosse impossível de destinguir por outro ser humano sem um exame técnico detalhado.
Aqui no quase papel da tela do meu monitor, meus leitores nada podem fazer para deter minha metralhante dialética, e portanto vou abusar um pouquinho da minha posição favorável. Tentarei mostrar porque isso é viável e útil.
Quanto á viabilidade, temos que estabelecer alguns conceitos computacionais para que o leitor médio possa se sintonizar: Um sistema computacional para resolver um problema qualquer, digamos um controle de estoque, é constituído basicamente por três partes: armazenamento, transferência e processamento de dados. No exemplo referido, os dados são transferidos do meio físico (usuário ou materiais em si) para um meio eletrônico de armazenamento qualquer, são enviados da matriz à filial, do supervisor ao gerente, á impressora para emissão de relatórios, e valores são calculados, formatados para apresentação entre outros. Armazenamento, transferência e processamento sempre.
Simular um sistema tão complexo como um ser humano seria realmente uma tarefa monumental.
Antes de qualquer coisa os materiais que simulariam as várias funções são talvez a parte mais difícil de simular.
Mas entretanto ninguém pode dizer que uma pessoa com mutilações cutâneas deixe de ser um ser humano, portanto esquecendo os detalhes estéticos por um momento consideremos o que sobra.
Quando ao físico somos basicamente uma estrutura óssea, tecidos, músculos ligados a um sistema nervoso e um cérebro para coordenar tudo isso.
Vamos mudar os nomes.
Quanto ao físico somos basicamente uma estrutura de titânio, tecidos, músculos artificiais (já foram desenvolvidos) ligados a um sistema de fibra ótica e um processador central com um enorme banco de dados para coordenar tudo isso.
– “Ah mas jamais uma máquina vai conseguir chegar á perfeição do ser humano”.
Caramba! Nem minha posição previlegiada me impediu de que eu ouvisse isso que você leitor acabou de dizer!
Talvez não. Mas vejamos. Seu corpo, caro leitor, permite uma variedade quase infinita de posições, expressões, pequenos gestos, formas de olhar, etc. É capaz de gerar emoções das mais distintas. É uma máquina maravilhosa. Uma verdadeira obra de arte. Mas é exatamente nessa definição quer repousa a possibilidade de reproduzi-la.
O número de posições, expressões, emoções, etc é quase infinito, em outras palavras finito. Isso abre a possibilidade de ser colocado em um banco de dados de tamanho quase inimaginável. Isto feito, a viabilidade de nosso ser humano artificial dependeria apenas de capacidade de armazenamento, velocidade de processamento e velocidade de transmissão de dados.
Vamos dar alguns exemplos: quando às posições que um corpo humano pode assumir. Suponhamos que se criasse uma estrutura com a mesma aparência de um ser humano que fosse capaz de mover suas articulações em intervalos de 1/10 de grau. Isso significaria que este andróide seria capaz de reproduzir com fidelidade 900 posições do braço desde esticado até levantado em 90o. Seu braço pode fazer isso ? Esse estrutura de um andróide não existe ainda. Mas pode ser fabricado em um futuro próximo.
No caso de expressões do rosto. Cada expressão representa o movimento conjunto de vários músculos. Quantas combinações podemos ter de movimentos musculares ? centenas de bilhões, possivelmente mais que isso. Esse número é portanto finito. Se for construído um rosto com a totalidade (quem sabe até um número maior de músculos) e houver uma capacidade de dar ordens de movimento combinadas a ele, podemos simular qualquer expressão humana.
Sensações e emoções, neste caso estas se traduzem por reações musculares, e ações. O que nos leva aos casos acima. Lembrando sempre que estamos tentando mostrar a viabilidade da simulação de um ser humano e não a possibilidade de fazer um ser humano no total sentido da palavra.
Reações. Um ser humano reage das formas mais diferentes a estímulos externos. De novo esse número é finito, mesmo para um ser humano. Ainda que supuséssemos incluir nessa discussão os indivíduos considerados mentalmente enfermos quantas reações podemos ter para um evento específico ? supondo que digamos “bom dia” a alguém, quantas reações podemos ter ? A reação “virar de ponta cabeça e começar a dar murros no chão” é possível ? É sim! Seria mais um dos dados do nosso banco. Mas sinceramente não é muito útil incluí-la no banco. Seria muito melhor limitar os dados a reações “adequadas” a um comportamento “são”. Isso tornaria nossa simulação mais aceitável e útil.
Muito bem, então vai ser possível ter uma máquina que faz todos os movimentos do corpo humano, tem tecidos que deixam sua aparência igual a um ser humano, simula todas as expressões humanas, todos os movimentos e ações que um ser humano pode fazer e muitos que um ser humano não consegue. Agora é momento de iniciar a discussão mais importante!
Alguém vai dizer: “Mas continua sendo uma máquina! É vazio. Não tem alma.”
Realmente é. Mas também não é pra ter. O problema é que por razões culturais e religiosas algo parecido com um ser humano que não tenha alma é “meio demoníaco”, assustador.
Se nos livrarmos um pouco desses preconceitos, podemos enxergar que tal máquina pode ser muito útil. Pode cumprir funções e tomar decisões baseados nos critérios que quisermos impor a elas. Seriam os melhores mineiros de carvão do mundo, os melhores empregados em profissões perigosas. Vale todo o esforço, livrariam o ser humano de funções repetitivas, perigosas e/ou indignas de serem realizadas por um ser humano de verdade.
Um único ser humano é capaz de mudar o mundo! Vários já o fizeram. Um ser humano tem a capacidade de criar e evoluir. E no entanto temos tantos milhões e milhões vivendo vidas miseráveis. E não sendo nada além de mais um animal neste planeta.
Mas existe uma discussão maior que essa: Para mim um ser humano é capaz de ser mau. Essa máquina não seria, desde que programada adequadamente seguindo as três leis da robótica* de Isaac Asimov. Algumas religiões acreditam que pessoas com comportamentos muito cruéis não são dotadas de alma. Neste caso elas ainda são seres humanos ? Qual seria mais humano, o andróide que proponho, ou um serial killer canibal ? O QUE É UM SER HUMANO ?
A partir do momento que essas classe de máquinas evoluir a um ponto, onde simulem com absoluta fidelidade um ser humano, onde cuidem do ser humano, e convivam harmoniosamente, como podemos provar que a mesma força que coloca a alma em uma máquina imperfeita como somos nós não possa usar máquinas mais perfeitas como habitáculos para almas ?
Estaríamos brincando de Deus ? desrespeitando-O ? será que a vontade de Deus não é justamente que busquemos a evolução ? Passei dos limites caro leitor ?
O que sei é que o futuro me parece muito interessante e não assustador.

*Isaac Asimov em sua série de livros sobre os robôs definiu as três leis da robótica da seguinte forma:
1a.Lei: Um robô não deve fazer mal a um ser humano, ou por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2a.Lei: Um robô deve obedecer a um ser humano, a menos que isso interfira com a 1a. Lei.
3a. Lei: Um robô deve buscar sua sobrevivência desde que isso não interfira com a 1a e a 2a Leis.

Fantasias

Depois do último texto fiquei pensando sobre as fantasias que todos nós nos deixamos levar. Afinal Copas não são nada mais do fantasias ao extemo. Mas fantasia é o que mais existe nesse mundo. Vivemos numa grande “Matrix” que existe à muitos anos e se chama cultura estabelecida. Ela nos faz dar valor a isso ou aquilo. A questão é só o quanto nos apegamos a uma fantasia ou a outra. Por isso fiquei pensando porque eu especificamente não sou apegado à fantasia do futebol.
Bem, primeiro ela é uma fantasia realmente grande e salta ao olhos. Se não vejamos: o que é um time ? É um conjunto de pessoas que mudam com freqüência, contratados por uma diretoria que muda com menos freqüência, que é simbolizada por um brasão que muda com menos freqüência ainda. Acho que a única coisa que permanece em um time são as cores. Pelo menos não chegou até os meus pouco futebolísticos ouvidos a notícia que algum time, alguma vez tenha mudado de cores. Então quando torcemos por um time, basicamente estamos torcendo para que a diretoria do clube, tenha o bom senso e dinheiro para contratar bons jogadores e técnico para que esse conjunto de pessoas possa fazer algumas cores serem vitoriosas sobre outras. Não me parece muito interessante.
Mas essa é apenas uma das muitas fantasias que nos cercam. Os hindus chamam isso de Maya ou a ilusão, que não deixa de ser muito diferente do conceito do filme Matrix. Eu sou pessoalmente apegado a várias: rock é consciência, moto é liberdade, cabelo comprido é ser contrário ao pensamento tradicional, jogos de computador, ler traz conhecimento e várias outras. Ter fantasias faz a nossa vida ser mais divertida e nos dá algumas experiências interessantes.
Então porque eu não me apeguei à fantasia do futebol ? Fazendo uma análise mais profunda, acho que me desinteressei na infância porque eu mesmo era muito ruim jogando. Aí como eu não participava dos jogos, eu fui me interessando por outras coisas, e quando comecei a ter uma compreensão melhor, vi que realmente era uma fantasia muito grande de todo mundo. Melhor, menos uma coisa irreal na minha vida para trabalhar.
Hoje vejo o processo de evolução psicológica/espiritual justamente como a eliminação das fantasias que vamos nos apegando ao longo do tempo. Quanto mais percebemos as fantasias e abrimos mão delas, mais nos tornamos melhores e mais evoluídos. Repare que quando digo abrir mão de uma fantasia, quero dizer deixar o apego a ela, não é que vc tem que deixar de fazer o que você gosta e sim dar a isso a devida importância e fazê-lo de uma forma equilibrada e sem se deixar levar.
Por isso eu não sou melhor que ninguém, por perceber a enorme fantasia da copa. Por exemplo: o que traz de bom pra mim jogar um jogo de computador ? Igualmente nada. E eu jogo. É exatamente a mesma coisa. Uma forma divertida de passar o tempo, ao gosto de cada um.
O ruim é deixar essa fantasia chegar ao ponto de gerar catarse. Ela sim pode causar tragédias e trazer o pior de cada um à tona. Por isso, use sua fantasia do jeito que quiser, mas tenha consciência de saber que ela é uma fantasia, faça isso de forma equilibrada, e sabendo que outras pessoas têm outras fantasias também que não são piores nem melhores que a sua, são apenas fantasias.

Para que serve uma copa do mundo ?

Para que serve uma copa do mundo ?

Serve para melhorar a situação econômica do país ? Não.
Serve para diminuir o desemprego ? Não.
Serve para diminuir a violência ? Não.
Serve para diminuir a intolerância ? Não, serve pra aumentá-la.
Serve para melhorar o nível de cultura ? Não.
Serve para que o brasileiro estude mais ? Não.
Então para que serve ?
Serve para aumentar a alienação.
Serve para permitir que aqueles que manipulam possam continuar manipulando.
Serve para esquecer por alguns momentos a miséria, e achar que somos felizes.
Serve para se esconder atrás de alguns momentos de felicidade a tristeza do dia a dia.
Serve para jogar fora a esperança de uma vida melhor e trocá-la pela esperança que o “Brasil seja Hexa-campeão”.
Serve para que possamos torcer juntos por alguma coisa, mesmo que essa coisa seja vazia e não leve a nada. Depois podemos dizer que estávamos juntos, mesmo que logo depois voltemos à exploração de sempre.
Serve para passar projetos na câmara que gerariam polêmica se fossem votados em outro período.
Serve para se esquecer os grandes escândalos nacionais.
Serve para nos iludirmos que temos heróis, sendo que esse tipo de heróis nada fazem pelo Brasil.
Serve para continuarmos a viver de festa em festa olhando pro outro lado quando vemos a realidade da violência e da miséria.
Serve para aumentar a rivalidade e intolerância com outros povos.

Copas do mundo me fazem lembrar de uma certa música que começa assim:

“Vamos celebrar a estúpidez humana, a estupidez de todas as nações…”

Estou sinceramente torcendo que o Brasil perca. Não porque deseje qualquer mal ao Brasil e sim porque vencer copas do mundo fortalece o futebol. E fortalecer o futebol, significa fortalecer a miséria, a falta de cultura e a alienação, significa dar mais atenção ao Circenses para que ninguém se lembre do Panem.

O chato

Eu sou chato.

Sabe aquela pessoa que não dá aquela risada maldosa quando vê você fazendo algo errado ? Pois é sou eu. Saca aquele cara que entra num papo chatíssimo quando você diz que fulano cometeu um crime e deve morrer. Pois é, eu de novo.

Sou chato porque gosto.

Gosto de ser uma voz tentando trazer à razão quem recorre à violência por já ter sofrido demais. Uma voz chata eu sei. Gosto de criticar quando você joga um papel no chão, e saio dizendo que é por todo mundo fazer isso que a cidade tá imunda. Meu como eu sou chato!

Gosto de dizer que ao invés de comprar coisas caras inúteis esse dinheiro traria muito mais felicidade, se você comprasse livros de estudo, ou móveis para aquela instituição de crianças carentes perto de sua casa. É só dar uma visitadinha de vez em quando.
Gosto de defender que nossas atitudes pessoais é que geram as coletivas, e um pequeno gesto influencia muita gente. E de lembrar que se você usa a força com alguém, isso não vai ajudar ou “ensinar’ aquela pessoa para que ela não faça mais a atitude errada que ela fez. Só vai piorá-la. Cara isso aqui é chato pacas de ler.

Gosto de lembrar que criminosos não nascem ruins. Eles se tornam ruins. Gosto de lembrar que se você se incomoda com um homossexual do seu lado, você deve ter algo de homosexual, porque a muita gente não incomoda nada. Essa foi irritante né ?

Mas alguém tem que ser o chato. O que seria das pessoas legais se não fosse os chatos ? Elas teriam ser muito mais legais para que os “menos legais” fossem considerados chatos. Então até para lhes poupar esse trabalho, essa é minha função. Ser chato.

O chato é aquele cara que te lembra que você anda bebedo demais. E que você tem que parar de enrolar e fazer algo de sua vida. Ele não é aquela pessoa legal, que sempre te ouve, e te consola entendendo o quanto você é sofredor. Ele às vezes diz que a culpa é tua. Que cara chato! Quem ele pensa que é ? Se não quer ajudar não atrapalha né ?

No mínimo ele fica em silêncio, mas todo mundo que o conhece um pouco sabe o que ele está pensando.

Quando você comenta daquela menina gata, ele lembra da sua namorada! Fala sério! Quando você se gaba das suas 3 namoradas ele pergunta se você não se importa com o que elas vão sentir quando descobrirem.

E ele nem ficou com uma morena espetacular só porque ela disse que odiava ler! Meu esse cara é um saco! Vai morrer sozinho.

E ele ainda acredita em cada besteira. Não ri e acha errado, piadas religiosas. Entende que todas as linhas espirituais precisam ser respeitadas. Que fanatismo também é errado. E que todo conhecimento espiritual não pode estar em um só livro. Meu não dá pra aguentar. Que saco. Ele pode até ir pro inferno por falar assim. Deus vai castigar.

Po não é muito mais legal quando uma pessoa é flexível, e você sabe que ela não vai criticar as coisas erradas que você faz ? Essa pessoa tem bem mais amigos. Vai em mais festas, se diverte muito mais. O telefone dela toca muito mais. Ela é muito mais popular.

Pois é eu sou esse chato. Mas sei lá, cada vez eu me convenço mais que esses valores estão meio invertidos.

Interesse

O conceito de interesse envolvendo todas as relações humanas me parece originar de uma perspectiva pessoal ruim. Parece-me que quando alguém faz mau juízo de seu interior tende a espelhar isso em outras pessoas. Mau juízo que se cria por nossos maus costumes modernos.
Sempre defendi a idéia de que existem atitudes completamente desinteressadas. O argumento contrário a esta idéia diz que, mesmo que esta atitude seja aparentemente desinteressada, ainda assim esperamos benefícios, às vezes metafísicos, às vezes recompensas póstumas, ou relacionadas a obtermos um contentamento interno. Todas formas mais ou menos diretas de interesse.
A chave para a análise destes comportamentos me parece ser se o pensamento a respeito da recompensa veio antes ou depois da atitude em si, ou seja, se a atitude provém do pensamento na recompensa, ou se o pensamento da recompensa veio como uma consequência da atitude depois de realizada.
E de onde provém a atitude se não de um interesse ?

Devido à vida cada vez mais voltada ao lado material, parece que nos esquecemos do sentimento natural do gostar de outros seres humanos. Gostar naturalmente, sem precisar de nada deles. O fato é que nossa vida excessivamente agitada, nos leva a pensar nas nossas necessidades imediatas, em resolver os problemas, depois outros problemas, depois problemas dos outros, e como este processo cria em nós necessidades contínuas e crescentes, cria-se uma cultura que vem do berço de satisfação das necessidades, e com isso a busca de soluções para atendê-las.

Ao entrarmos nesse ciclo vicioso, nossas amizades e relações pessoais em geral sempre buscam resolver alguma necessidade específica, financeira, moral, pessoal e outras.

Assim acabamos nos acostumando com a questão do interesse nas relações. Esquecemo-nos do tempo em que olhavamos para as pessoas sem querer nada delas, mas com a curiosidade natural de criança que olha para alguém e fala, brinca, interage sem qualquer interesse. Acabamos hipocritamente unindo necessides com emoções, muitas vezes inventadas, ou às vezes até enganando a nós mesmos que realmente queremos aquilo para atender uma necessidade que, devido ao costume, se tornou quase inconsciente.

Perceber que além de relações de interesse, pode e deve existir um gostar legítimo, primário, puro, está se tornando cada vez mais raro. Mas ainda hoje podemos encontrar quem o defenda ardorosamente. Senão vejamos: fala-se tanto que o dinheiro move o mundo. Mas o que realmente move o mundo são as relações de afeto entre as pessoas. Como ficaria o mercado imobiliário se as pessoas não mais casassem ? E o mercado de entretenimento sem crianças ? E porque temos crianças, se elas são financeiramente o pior investimento que podemos fazer ?
Só me resta concluir que é por causa daquela velha palavrinha. Aquela que é careta, antiquada, fora-de-moda e até nos parece meio idiota de pronunciar. Preciso dizer qual é ?