Revolta

Revolta é algo muito perigoso. Ela me parece ser uma armadilha que leva a uma vereda muito muito ruim.
O que me preocupa mais nesse sentimento é muita gente achar que ela é boa. Que é bom se revoltar com o que acontece de ruim. Que assim nos tornamos mais justos, mais “humanos”. Nos compadecemos em ver alguém sofrer e nos revoltamos com que causa isso. Isso nos faz sentir “justos”, “bons”, “melhores” do que quem fez aquele ato. É aí que está a isca da armadilha: um motivo “justo”.
Mas será que nós somos realmente capazes de saber o que realmente é “justo” para alguém ? Muitos estudam muitos anos para poderem exercer a função de “julgar” alguém. E mesmo assim não julgam sozinhos, nem à priori. Porque será que sem qualquer estudo ou fundamento nos sentimos no direito de julgar alguém ?
Mas assim muitos seguem alimentando a revolta contra os males do mundo. E assim seguem alimentando também todos os sentimentos de amargura, desilusão, medo e insegurança.
E quando alguém acha uma situação aparentemente ou realmente injusta, lança sobre a pessoa causadora daquela situação tudo de ruim que acumulou dentro de si. Só que quem pratica um ato ruim, é responsável pelo ato ruim, não pelos males do mundo. Nem é responsável pela revolta que outras pessoas têm dentro de si. Isso é culpa delas mesmas. Ela tem que receber a punição para o ato que cometeu. Mais do que isso vai gerar nela uma justa revolta, que vai alimentar os sentimentos ruins dela e assim criar um novo ciclo vicioso.
Isso gera mais e mais revoltados.
Está sujeito a um dia, quando menos se espera, a pessoa revoltada e que nunca praticou nada de ruim, se encontrar numa situação onde necessitaria de toda a prudência. Mas essa revolta que ela tanto preza, alimenta a raiva, que alimenta a sensação de injustiça, que alimenta o ódio, que gera tragédias. Quando menos ela espera, se torna a causadora da injustiça. Porque o ódio dentro dela é grande demais e a força que ela aplica para resolver uma situação é excessiva. E quando ela vê, toda aquela revolta que ela tinha contra os outros, agora vem dos outros para si. E infelizmente talvez só aí ela perceba o enorme perigo que é ficarmos alimentando os sentimentos ruins, pois acontece que nosso destino é determinado por nossas ações. Nossas ações são determinadas pelo nosso pensamento. Nosso pensamento é ajustado de acordo com nossos sentimentos. Resumindo: quem comanda é sempre o coração. O que a pessoa coloca nele determina seu destino
Os sentimentos ruins que alguém coloca no peito, geram pensamentos ruins e estes ficam na memória. Quando precisamos decidir algo, especialmente se precisarmos decidir rápido, é o conteúdo de nossa memória que decide o que fazer. Se o que estiver lá for só coisa ruim, está muito sujeito a cometermos erros, às vezes grandes.
O melhor é portanto se afastar o mais possível das coisas negativas. Se tomarmos essa decisão, mesmo assim ainda está muito sujeito a elas aparecerem na nossa vida. Que dirá se ficarmos o tempo todo alimentando e nos aproximando do que é negativo.
Alimentar o amor dentro de nós, a compaixão, o entendimento do próximo, a compreensão das diferenças é que é o caminho certo a seguir. Se esforçar para agir com serenidade, prudência, zelo, faz com que nos habituemos a isso e pouco a pouco vamos nos acostumando a não ser tão duros com todo mundo e assim vamos trazendo a paz e a justiça para nós e para os que nos rodeiam.
Como me disse uma vez um bom amigo, nós temos que tratar as pessoas é com amor. Isso inclui quem pratica atos que não são tão bons.
Só assim nós começaremos a construir o que era nossa intenção em primeiro lugar: um mundo sem injustiças.

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