Violência doméstica

Nos meus textos eu procuro mostrar o meu lado melhor. As melhores coisas em que acredito e as melhores idéias e ideais com os quais já tive contato.
Mas nem sou tão bom assim. Apesar de ter bons ideais e bons sentimentos, como todo mundo tenho minha parte ruim, belicosa, agressiva. Tenho dificuldade de me controlar com certas coisas que dentro da visão limitada da minha realidade me parecem muito injustas ou nocivas. Como todo mundo nem sempre a razão fala mais alto em situações quotidianas e tem vezes que eu mando um praquele lugar.
Quando isso acontece, ou seja, quando a pessoa não consegue sobrepujar os aspectos animalescos que existem dentro dela o mundo descarrega sobre ela todas as frustrações de seus própios aspectos animalescos reprimidos.
Por isso hoje eu quero falar de um assunto bem polêmico: violência doméstica.
Sabendo que eu também tenho esses aspectos psicológicos que falei acima, dentro de mim, muitas vezes olho casos como esse e penso: se eu fosse pressionado acima de um certo limite, poderia ser eu ? O que não está sendo dito naquele discurso superficial de jornalismo sensacionalista barato, ao qual só interessa criar monstros para obter mais audiência através da terrivemente anti-ética prática da ampliação da revolta das pessoas ?
Muito vezes eu vejo essa assunto ser debatido mas vejo muita superficialidade nesse debate, hipocrisia, parcialidade e vejo que muitos dos aspectos mais relevantes pro debate nem são trazidos à tona como se não existissem.
É sempre o mesmo velho discurso: meu marido me bateu porque ele é um homem violento, porque estava bêbado, porque ele tem ciúme, porque ele é ignorante. Nunca vi uma única reportagem que fosse até o homem perguntar porque ele bebe tanto ? Como ele chegou a isso ? Ele sempre foi violento ? O que outras pessoas que se relacionaram com ele antes pensam dele ? Qual a historia dele ? Porque um homem é violento com uma certa mulher e doce com outra ?
Há mesmo muita hipocrisia e um sempre presente “olhar pro lado que convém”.
Antes que os(as) policatamente corretos e revoltados de plantâo venham com 10 pedras na mão, quero deixar bem claro: Não eu não tô defendendo homem que bate em mulher. Só tô lembrando os muitos aspectos que foram deixados de lado nesse debate. Alguns deles:
-Algumas mulheres batem (às vezes muito) em homem também e de forma que agredide muito sua dignidade. Não é só tapinha de leve não. É chute no saco, soco no meio da cara, arranhão de cara inteira, pontapé, entre outas coisas.
-Algumas mulheres agridem verbalmente, constantemente e de uma forma muito perniciosa, procurando os adjetivos mais grotescos e que atingem diretamente as fraquezas que elas sabem que o homem tem.
-Um casal às vezes tem uma ligação muito forte um com o outro. Não é só sair da relação. Uma das piores superficialidade que eu vejo ser comentada sobre esse problema é: “a relação tá ruim ? Termina”. Como se isso fosse fácil assim. Não é assim. Terminar dispara muitas inseguranças. Vai ver que quem fala isso tem um excepcional corpo e é só querer e tem o parceiro que quiser. Mas pra maioria da pessoas simplesmente não é assim. Elas têm gostos e culturas às quais a maioria deas pessoas não se adequam e é muito difícil encontrar um novo namorado. Muitos ficam anos sozinhos e por pior que seja a relação a idéia de muitos anos de solidão é pior. E sempre existe a esperança que as coisas melhorem. E às vezes as pessoas realmente melhoram e amadurecem.
-Algumas pessoas parecem achar normal relacionamentos extra-conjugais e querem que essas situações sejam tratadas como a normalidade. Mas não é normal não. É uma traíção de confiança muito grave que é sujeito gerar em quem é integro terríveis sentimentos que, no mínimo, criam uma dificuldade colossal à vida da pessoa que passa por isso ao se esforçar por controlá-los.
-Existem mulheres com neuroses profundas, que expoem seus companheiros, família e pessoas próximas a um sem fim de dificuldades diárias criando problemas onde não existem e sendo a fonte dos problemas ao invés de ser o porto seguro que lhes caberia ser.
-Muitas mulheres têm um comportamento dúbio. São uma coisa dentro de casa e outra para a sociedade. Como o único que convive com ela o suficiente para ver essa diferença é o companheiro, isso cria nele o pior dos sentimentos porque, ao contrário dos que os outros vêm, ele sabe que ela está manipulando e que ela não é o que diz ser.

Precisamos saber diferenciar um psicótico que bate e tortura sua companheira de alguém que foi submetido a uma pressão constante e num momento de desespero comete um erro. Erros são erros, alguns mais graves que outros, mas quem é que erra mais ? Quem não aguenta a pressão de uma relação doentia e explode ou quem rotineiramente, diariamente, muitas vezes por dia provoca, grita, reclama, cria toda sorte de problemas muitas vezes por coisas infímas do dia a dia até que aquela reação aconteça por desespero ? Quem é o monstro nessa história mesmo ?
Claro que todos os argumentos acima podem ser invertidos, é só tirar a palavra ‘mulheres’ e colocar ‘homens’ no lugar e se torna igualmente válido. Inclusive concordo que a versão mais válida dessa idéia seja realmente a masculina. Há mais homens violentos que mulheres. Mas a idéia desse texto, é lembrar o que nunca é dito, por isso estou querendo lembrar que não é sempre assim, porque quando é o homem a vítima da violência. Quando o homem é que é submetido à neurose, muitas vezes psicose da companheira, ele está sozinho. Ninguém acredita, porque é muito mais fácil acreditar que uma mulher é a vítima do que acreditar que a mulher, muitas vezes frágil, pequena e bonita seja capaz de comportamentos tão perversos que levam o homem ao desespero.
De novo, não tô defendendo agressões. É óbvio que o certo é terminar quando a relação tá desse jeito. O objetivo é ampliar a compreensão, explicar COMO se chega a certas situações que são em si injustificáveis. Não há justificativas para uma agressão. Mas há motivos. Que podem ser evitados. E algumas vezes por trás delas há centenas, milhares de pequenas agressões ao companheiro, que por não serem físicas, não são consideradas. Mas que se fosse possível somá-las e apresentá-las todas juntas de alguma forma, claramente se mostrariam de gravidade maior do que a agressão física.
Eu sei que esse texto é bem polêmico. Eu sei que muitas pessoas que o lerão chegarão a esse ponto do texto com um sentimento de revolta dentro de si. Mas convido-o caro leitor a entender que eu não estou falando daquele caso do cara que matou a mulher ou que batia nela durante anos seguidos ou que a perseguia ou que jogou ácido nela. Esses casos parecem ser o padrão porque eles são mais destacados pela mídia na busca por audiência. Estou falando de casos onde a violência doméstica acontece porque a relação está desgastada por tantas brigas. Nesse caso o que acontece é que o agressor, mesmo com as situações acima passa a receber o peso do cara que joga ácido, que mata, que persegue. Porque essas situações mais graves provocam uma revolta contida à qual as pessoas ficam presas e com muita vontade de achar quem dê vazão àquele sentimento ruim. E quando se encontra alguém que se encaixe num padrão que todos concordam que é errado, é o estopim e ninguém nem pensa em saber melhor da situação ou ir além das aparências. Despejam sua revolta em quem lhes parece encaixar nos seus modelos mentais de ruindade. Mas além de um fato isolado existe muitas vezes uma enorme complexidade e uma trama de acontecimentos que levaram àquele péssimo momento.
Ampliar nossa capacidade de compreensão e entendimento é crucial para podermos ter uma sociedade mais justa e pacífica no futuro.
Este texto é também um apelo às mulheres. Lembrar que coisas que parecem a vocês “coisa de mulher”, como reclamações constantes, brigas por pequenas coisas, se aproveitar da tpm pra fazer da vida do homem um inferno, neuroses, inseguranças, em resumo falta de paz, criam uma pressão muito grande nos seu companheiro. Uma enorme dificuldade na vida dele. Sendo um homem normal com certeza ele já tem problemas que chegue. Auxilie-o. Não seja você a colocar mais carga nos ombros dele. Ele é humano. Um dia é sujeito a ele não aguentar e vir uma situação que ninguém quer.
Homens e mulheres foram feitos pra se amar, se apoiar mutuamente, ser confidentes, ter confiança um no outro e contruir uma vida boa juntos em paz.

Devido à natureza por demais polêmica desse texto e para não criar mais uma inútil flamewar, estou desabilitando os comentários para este texto especificamente. Caso tenha algum comentário, pode usar o meu e-mail pessoal ao lado.

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