400

Chegou aos meus ouvidos a história de alguém que perguntou porquê é errado gastar R$ 400,00 em uma peça de roupa. Tô querendo responder essa pergunta.

É errado porque:

-O valor do custo de fabricação dessa peça de roupa é ridiculamente baixo comparado com o preço final, fazendo com que o lucro do fabricante seja exageradamente alto. Nenhuma qualidade do produto, como vestir bem, impostos ou qualquer que seja, justificam tal diferença entre custo de produção e custo final ao consumidor.

-É possível comprar um produto de qualidade igual ou superior por um percentual muito baixo desse valor. Muitas vezes percentual com um só digito.

-Só se pagam valores tão exorbitantes porque consciente, inconscientemente ou culturalmente, gastamos esse dinheiro, não pela necessidade de precisar de roupa para vestir e sim porque querermos ser melhores do que os outros. Não somos. Ninguém é, nem nunca na história da humanidade houve alguém melhor do que o outro. Somos todos melhores em alguns aspectos e piores em outros, o que nos faz a todos exatamente iguais (veja: 1).

-Desperdiçar esse valor em dinheiro é muito ruim porque existem enormes carências no mundo atual e ele poderia ser muito melhor empregue atendendo necessidades que, para muitos, representam a vida ou a morte.

-Mesmo que você não se preocupe com os outros, esse dinheiro poderia ser muito melhor empregue se fosse investido na sua própria evolução. Poderia ser usado para estudar, ler, realizar projetos, viajar, conhecer novas pessoas, novas culturas, novas idéias. Abrir nossa mente para tantas outras realidades que não conhecemos. Podia ser usado para ampliar nossa cultura, conhecimento, sabedoria, até mesmo para adquirir bens materiais que realmente necessitamos. Em resumo: poderíamos nos melhorar ou melhorar nossa vida.

-Nos apegamos a esse tipo de fuga para esconder nossa insegurança atrás de uma máscara de respeitabilidade. Queremos isso porque temos medo de que descubram nossa real condição: só mais uma pessoa em uma humanidade imensa. Mas ainda assim sabemos que somos especiais e por isso queremos tanto que os outros reconheçam isso.

-Se você acha que só fica bonita assim, eu digo: aos olhos de quem realmente é interessante, você é linda sem produção alguma, porque ele lhe vê os olhos do espírito e do sentimento.

-Por muita gente valorizar a aparência, não quer dizer que a aparência é a realidade. Na imensa maioria das vezes dá-se exatamente o contrário. E de novo, quem realmente interessa para você, sabe disso.

-Isso também alimenta a fantasia da “elegância” (veja: 1 2) tornando o mundo um lugar pior porque ensina outras pessoas que só alimentando sua vaidade é que vc será respeitado e a desperdiçar mais e mais recursos. Essa forma de agir leva à situação que os EUA estão hoje. Se todo o planeta consumisse igual aos EUA necessitaríamos de 5 planetas Terra (veja: 1 2). Leva também a aberrações como o imenso continente de plástico que temos hoje no Pacífico Norte (veja 1 2 3 4).

-A qualidade de seus amigos, seus sentimentos e pensamentos melhorará muito quando você se importar com o que é realmente de valor para sua vida, família e sociedade e se livrar do “status” que roupa cara dá.

-Quem se importa com isso e não com os valores reais da humanidade, está muitas vezes alimentando toda a corrupção pois não se importa com o caráter da pessoa e sim o que ela aparenta ser.

-Quem valoriza a aparência externa é porque ainda não aprendeu a olhar para o coração. Se uma mulher precisa andar “produzida”, como diz o povo, para ser notada, há definitivamente algo em que precisa melhorar. Essa vaidade faz dela vazia, pequena, insegura porque ninguém está produzida todo o tempo e (aí sim) inferior a quem cativa pela sinceridade, bons sentimentos, amor, carinho e atenção pelas pessoas que a rodeiam. Isso a atrapalha, porque para tudo necessita de estar “apresentável” o que faz com que tudo demore mais e ela desperdice um tempo precioso de sua vida para poder atender sua vaidade, além de a afastar das pessoas com bons sentimentos e que podem trazer mais felicidade a sua vida do que a mais cara roupa ou jóia do mundo.

As verdadeiras jóias do mundo são pessoas de coração grande e aberto.

Então vamos nos lembrar: o sentido da vida é evoluir e não ser melhor que o outro.

Para Isaac Asimov (onde quer que ele esteja)

Agora que estamos vendo os primeiros robôs humanóides e estamos bem próximos de conviver com robôs capazes de fazer trabalhos repetitivos, quero escrever sobre um pensamento que já tenho faz tempo sobre eles.
Acredito que chegaremos a ser capazes de fazer uma máquina que seja totalmente indistinguível de um ser humano.
Para que isto seja possível devemos ter uma máquina com uma aparência exatamente igual nos mínimos detalhes e um cérebro capaz de controlá-la.
Quanto à parte da máquina, já temos hoje robôs com movimentos e articulações bem avançadas e estamos perto de conseguir uma movimentação igual ou superior à humana. Músculos e pele estão sendo desenvolvidos. Já existem músculos artificias capazes de reagir a um estímulo elétrico e os estudos com materiais já estão bem avançados também. Temos tecidos que parecem bastante com pele. Estes estudos logo permitirão que se crie tecidos que serão indiferenciáveis da pele humana. Teremos então, uma máquina capaz de mecanicamente simular todos os movimentos, expressões e sentimentos humanos.
O problema maior é, claro, o cérebro. Mas pensemos assim: o conjunto de todos as possibilidades de reação, expressão e atuação que um ser humano pode ter, são astronomicamente grandes. É impossível calcular o seu número. Mas podemos dizer com segurança que ele é finito. Sendo finito a limitação de construir uma máquina capaz de simular em todos os aspectos um ser humano, depende basicamente de quantas informações podemos guardar neste hipotético cérebro, da velocidade e precisão com que captamos informações exteriores, da velocidade de processamento destas informações e da velocidade com que elas podem ser transmitidas aos seus componentes. Tudo isto é também finito e portanto atingível.
Este enorme número de possibilidades poderia ser substancialmente reduzido se fossem removidos os comportamentos indesejáveis ou inúteis. Por exemplo: se eu pergunto as horas para alguém, as possibilidades de reação dessa pessoa são muito grandes. Ela pode me dizer as horas, pode não me dizer as horas, pode mentir a hora, pode estar sem relógio, pode me dar um tapa, pode fugir correndo e pode digamos, ficar de ponta cabeça e tentar pular com as mãos. As reações são muitas porque temos possibilidades infinitas. Mas se pensarmos bem, para que serve termos a liberdade de ficar de ponta cabeça e tentar pular quando alguém nos pergunta as horas ? Para que serve termos a possibilidade de agredir alguém que nos pergunta as horas ? Acredito que estas possibilidades podem ser eliminadas do banco de dados de tal máquina, sem qualquer prejuízo para a simulação do comportamento humano.
Acredito portanto que podemos chegar no futuro a construir uma máquina que nenhum ser humano poderia reconhecer como máquina. Que pareceria aos olhos do mais perspicaz dos homens, um outro ser humano. Esta máquina será capaz de simular todos os tipos de emoções, consciência, criatividade e inventividade humana.
Mas ela não será capaz de sentir coisa alguma. Ela somente simulará que sente. Por isso, o que me interessa nessa idéia, não é debater se poderemos ou não construir tal máquina no futuro, o que me interessa é pensar se, uma vez construída tal máquina, o Poder Superior, Deus, a Divindade – chame como quiser – poderia permitir que um espírito encarnasse nela.
Porque se fosse esse o caso, ela poderia sentir e viver verdadeiramente. Só que em um corpo muito superior ao nosso. Seria a possibilidade de nossa raça imperfeita construir outra raça superior a ela, ainda não perfeita, mas seguramente muito melhor. Construída através do intelecto, da ciência e da fé. Uma raça onde cada individuo poderia viver por no mínimo muitos milhares de anos. O que poderia fazer um indivíduo que vivesse milhares de anos ? Talvez pudesse chegar a viver eternamente, uma vez que seu corpo seria facilmente “curado” através da tecnologia.
Isso seria a glorificação da humanidade. Seria o sonho de Nietzsche. A criação do super-homem!

Satanás e Deus: alegoria e realidade

Se eu disser que determinada coisa é de Satanás e outra coisa é de Deus, a impressão que passa é que eu estou tendo uma atitude de fanatismo religioso ligada a dogmas atrasados e ignorantes. O caso é que as compreensões humanas são as mais diversas e por isso há necessidade de falar de forma simples para que todos entendam o que estamos querendo dizer. Se falamos usando termos complexos, nem todos entenderão qual é nossa intenção e para estes podemos passar uma impressão pior ainda: a de que estamos querendo enganar. Porém quando se fala da força de Satanás ou de Deus, estamos falando de forças ancestrais, que existem desde o começo dos tempos.
Satanás e Deus, não estão lá em cima ou lá em baixo e sim dentro. Ambos. São aspectos universais que podem, cada um deles, ser fortalecidos pela nossa vontade.
Satanás é a força da individualidade, do poder pessoal, da diminuição da consciência e do fortalecimento da ilusão. Fortalecemos este poder em nós quando impomos nossa vontade sobre a do outro, quando alimentamos nossa revolta, quando diminuímos nossa consciência seja por que meio for.
Deus é a força da coletividade, é a doação de nossa individualidade em função da coletividade, é o poder da União em realizar juntos, é a ampliação da consciência do Universo e da realidade de outro indivíduo. Fortalecemos esta força em nós quando aprendemos a conviver harmoniosamente com nosso semelhante, achando meios de resolver conflitos, quando fortalecemos o amor e a compreensão em nós, quando aumentamos nossa consciência da vida seja por que meio for, quando aprendemos a ser mais responsáveis.
Então quando digo que a raiva é de Satanás, estou dizendo alegoricamente que não devemos impor pela violência nossa vontade para poder conviver bem e fortalecer a união. Quando digo que bebida é de Satanás estou dizendo alegoricamente que ela diminui nossa consciência fortalecendo as ilusões e os defeitos de cada um. Quando digo que mentira é de Satanás estou dizendo que mentira é fortalecer a ilusão no outro, para poder obter vantagem pessoal ao invés de entender que para bem conviver a vantagem tem que ser da coletividade e não do indivíduo.
Quando digo que o perdão é de Deus, digo que estou aprendendo a conviver com outros, seus problemas e defeitos e deixando pra lá o que seria meu interesse. Quando digo que a responsabilidade é de Deus, digo que temos que zelar por todos e não exatamente por nossas vontades. Quando digo que a verdade é de Deus, digo que para que possamos viver em comunidade precisamos ter credibilidade e para isso precisamos de não ter “partes ocultas” ou de enganar ninguém para que possamos ter solidez em nossas palavras e promover a confiança da coletividade.
Jesus é o maior representante de Deus justamente por ter feito o sacrifício maior de doar sua individualidade pela coletividade. Mas estas forças são acima de tudo atitudes, sentimentos. Todos internos a nós e não externos. Alguém um dia já disse a seguinte frase: “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”. Isso quer dizer que o Universo é uma versão grande do interior do homem. E o que sentimos e fazemos afeta o todo e o todo afeta a todos. O fortalecimento de uma destas forças não afeta só a nós e sim ao meio em que vivemos. Em resumo: São égregoras.
Égregoras são forças mentais criadas pela força da crença de várias mentes juntas. Quanto mais pessoas acreditarem em algo, mais forte isto se torna, tanto para o mal quanto para o bem.
Usando uma metáfora para ilustrar o que quero dizer, quando fortalecemos uma destas energias em nós, ou um sentimento qualquer que seja, criamos como um “campo de energia” que afeta e influencia os outros. Dependendo do nível de consciência do outro, ele pode ser grandemente afetado sim. Quantas vezes vimos pais tentando guarnecer seus filhos contras as más influências. É um meio natural de preservá-los de problemas. Outro exemplo: quando alguém tenta se livrar de um vício, precisa se afastar das pessoas que têm aquele vício, ou seja, sair da égregora do vício.
Nossas escolhas e nossos sentimentos são portanto de suma importância não só para nós como para todos. Então eu peço: vamos ter cuidado com o que estamos escolhendo para nossa vida. Não é só a nossa vida. É a de todos. Somos todos UM só.

“O mais humilde dos filhos de Deus” ou “O texto menos lido de todos os tempos”

Hoje eu comprei uma torta de frango. Me disseram que eu mandei bem e eu pensei que sempre mandei bem, o quanto eu sou bom e especialmente humilde, por isso cheguei à conclusão que: Eu sou o mais humilde dos filhos de Deus.
Sou assim porque considero que devo realmente assumir que uma das minhas muitas e maravilhosas qualidades é a humildade. Humildade em reconhecer minhas inúmeras qualidades.
Qualidades como a enorme capacidade cognitiva que me leva a compreender o quanto sou humilde. Para alcançar tal grandeza na humildade, devo dizer que tive de me dedicar por longo tempo a conhecer a enormidade de mim mesmo. Por isso gostaria de descrever para os leitores que tanto me amam o quão grande eu sou. Não me refiro a esta ou aquela parte de mim mesmo que algum leitor com a mente mais afetada pela costumeira malícia reinante possa ter pensado. Falo do TODO DE MIM MESMO. Ou seja a completude supra-humana, quiçá elevada ou ainda iluminada de mim.
Eu sou tão absolutamente e maravilhosamente humilde que tenho inclusive dificuldade em descrever a enorme humildade que me constitui, devido à sua grandeza. Grandeza esta que me leva querer compartilhar com os menos afortunados, que não são tão maravilhosos quanto eu, a beleza da existência como eu mesmo.
Eu sou tão belo, sublime, completo, perfeito e superior que tenho a humildade de reconhecer isto. Afinal de contas, reconhecer a verdade é acima de tudo uma posição de humildade perante a minha incrível realização de ter conseguido nascer eu, que sou em mim, o todo.
O todo da perfeição e elevação do ser enquanto mim mesmo.

Eu sou a nova Clarisce Linspector feita Übermensch descobrindo o todo universal em uma torta de frango.

P.S.: eu ainda ia botar mais coisas nessa besteira aí, mas nem eu tava me agüentando! 🙂
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Elegância não é de comportamento

Há alguns anos escrevi um texto ao qual dei o belo título “A elegância e o peido”, onde demonstro explicitamente o que penso sobre a noção de “elegância”. Hoje me deu vontade de escrever de novo sobre esse tema porque recebi novamente um texto que já conhecia. É o texto a seguir, atribuído a Toulouse Lautrec (não sei se este é realmente o verdadeiro autor).

“A elegância do comportamento

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.
Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.
Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detectá-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais.
É elegante, você fazer algo por alguém , e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer…
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante retribuir carinho e solidariedade.
É elegante o silêncio, diante de uma rejeição…
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do Gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
É elegante a gentileza,.atitudes gentis falam mais que mil imagens…
…Abrir a porta para alguém…é muito elegante (Será q ainda existem homens assim?)…
…Dar o lugar para alguém sentar…é muito elegante…
…Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma…
…Oferecer ajuda…é muito elegante…
…Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante…
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com amigo não tem que ter estas frescuras”.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: não é frescura.”

Muito bonito texto. Muito bons conselhos. Essa atitude em relação ao mundo se faz cada vez mais necessária. Não escrevo entretanto novamente sobre o assunto para corroborar a noção de elegância. Mantenho minha opinião sobre ela. Elegância é uma tola fantasia criada pela nossa vaidade para que algumas pessoas se achem melhores que outras.
O que está incorreto nesse texto é a associação entre a idéia de bom comportamento com o que se convencionou chamar de elegância que, a meu ver está muito mais associado à idéia de “bem vestir”, ou talvez pudéssemos dizer se vestir da forma que quem fabrica roupas ou pertence a essa área profissional, acha que devemos nos vestir. Entendo que muitos associam essa palavra ao comportamento, mas mesmo se considerarmos que elegância esteja associada a comportamento, não vejo uma “pessoa elegante” fazendo um trabalho pesado. De novo a vaidade e o querer ser melhor que que o outro. Pra mim elegância não tem nada a ver com comportamento. Tem a ver somente com aparências.
O texto cita algumas qualidades de extrema importância, mas distintas entre si e especialmente distintas da noção de elegância. As coloca sob esta definição como se ela as abrangesse. Não é o caso. Vejamos o que o texto aconselha e o que penso que seja:

Dizer um simples obrigado diante de uma gentileza. – Ter reconhecimento
Manter seu proceder quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. – Coerência, ser verdadeiro
Elogiar mais do que criticar. – Incentivar
Escutar mais do que falar. – Conter a impulsividade, ter humildade, paciência, reconhecer a ignorância, conter a vaidade, ter vontade de aprender
Passar longe da fofoca – Não ser maldoso
Não usar tom superior de voz ao se dirigir a frentistas. – Conter a vaidade, não se achar melhor que ninguém
Evitar assuntos constrangedores para não humilhar os outros. – Ter consideração
Ser pontual. – Ser disciplinado e organizado
Demonstrar interesse por assuntos que desconhecemos. – Ter humildade, reconhecer a ignorância, conter a vaidade, ter vontade de aprender
Presentear fora das datas festivas. – Ser amigo
Cumprir o que promete. – Ter credibilidade
Não recomendar à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está. – Humildade, conter a vaidade, não se achar melhor que ninguém, não abusar de seu poder
Oferecer flores . – Elogiar a beleza de uma mulher. Comparando-a à beleza daquelas flores
Não ficar espaçoso demais. – Não se achar melhor que ninguém, saber seu lugar, conter sua vaidade
Fazer algo por alguém sem que este alguém jamais tenha que saber o que vc teve que fazer para conseguir. – Não pensar em reconhecimento
Não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro. – Acreditar em si mesmo
Não falar de dinheiro em bate-papos informais. – Não se achar melhor que ninguém, ser seguro, conter sua vaidade.
Retribuir carinho e solidariedade. – Ter reconhecimento pelos outros
Silenciar, diante de uma rejeição. – Não ser chato, conter a vaidade, saber seu lugar.
Não ligar para sobrenome e jóias. – Não ser fútil, conter a vaidade, não se achar melhor que ninguém
Não empinar o nariz. – Não ser fútil, conter a vaidade, não se achar melhor que ninguém.
Ter gestos humildes. – Ter humildade.
Ter uma visão generosa do mundo. – Não ser mesquinho
Ser gentil. – Idem
Abrir a porta para alguém. – Ter zelo por seu próximo
Dar o lugar para alguém sentar. – Ter zelo por seu próximo
Sorrir. – Ser alegre
Oferecer ajuda. – Ter zelo por seu próximo
Olhar nos olhos ao conversar. – Ser sincero, não se esconder.
Desenvolver em si mesmo a arte de conviver. – Ser maduro.
Manter essas posturas mesmo com amigos íntimos. – Ser verdadeiro.
Ser educado. – Idem
Não tomar esse comportamento por frescura. – Ter paciência e zelo

Então compilando as qualidades que o texto relata:

Conhecimento, reconhecimento, coerência, incentivo, humildade, paciência, vontade de aprender, consideração, disciplina, organização, amizade, credibilidade, saber seu lugar, acreditar em si mesmo, segurança, generosidade, gentileza, zelo, alegria, maturidade, sinceridade, educação e bondade. E temos também o texto recomendando conter a impulsividade, reconhecer a ignorância, não ser maldoso, não se achar melhor que ninguém, não abusar de seu poder, não pensar em reconhecimento, não ser chato, não ser fútil.

Eu realmente não consigo associar todas essas qualidades à palavra “elegância”. Consigo associar às palavras bondade, serenidade, respeito, equilíbrio. Mas me parece que elegância sempre esteve ligada ao vestir e à aparência, ligada portanto à vaidade e não ao caráter de quem veste. Quem olha para a aparência, ainda não aprendeu a olhar para o coração. Quantas e quantas pessoas ditas elegantes foram tão corruptas, quantos mataram tantos. Como era elegante a cúpula nazista, como são elegantes tantos políticos corruptos, como é elegante uma mulher que gasta em um pedaço de pano valores que dariam para construir algumas casas para quem delas necessita.
Elegância me parece estar ligada ao executivo vestido no seu “elegante” terno ou ao vestido de noite de quem pretensamente pertence a uma “classe superior” (cada um desses termos parece mais ridículo que o outro). Ao se vestir segundo ditam as regras da “elegância“ estas pessoas dizem tão somente: “Tenho que me vestir assim para demonstrar que quero ser melhor que você. Essa roupa me faz mais limpo, mais organizado, mais produtivo do que você” mas não faz não. Se ela não for um meio de compensar suas inseguranças, só faz você mais arrogante e se for fica mais inseguro ainda.
Por mais que tente não consigo separar a palavra “elegância” de vaidade, futilidade, inutilidade.
No final essa forma de vestir não faz nada além de deixar alguém mais parecido com uma máquina, mais e mais controlado pelo pensamento alheio do que pelo seu próprio.
Todo o resto é somente mais uma das fantasias da nossa pequena matrix azul em forma de esfera.
Bondade sim, educação sim, respeito sim, amizade sim, bom comportamento sim, mas elegância mesmo, eu tô dispensando.

Sua amizade não me interessa

Existe uma linha de pensamento, da qual eu sou um ferrenho opositor, que diz que tudo que o ser humano faz na vida é por interesse. Por esse pensamento alguém seria amigo de alguém porque quer companhia, pais teriam filhos porque precisam conseguir alguém que cuide deles no futuro, mães precisariam satisfazer o seu desejo natural e alguém faria o bem para “se promover” ou para “se sentir bem”, enfim tudo que fazemos na vida seria porque nós temos algum interesse nisso.
O que invalida essa linha de pensamento é que, para muitas pessoas, o “sentir bem” vem após o ato e não antes. Não há intenção antecipada de “lucrar” com um determinado ato. E se não existe intenção antecipada, não existe interesse.
Essa idéia tão propagada no mundo vem de pessoas que tentam espalhar a idéia que seus sentimentos ruins são comuns a todos, para se sentirem menos culpadas por serem egoístas.
Essa “troca de favores” que alguns acham correto, faz com que as relações humanas sejam “materializadas”. Só sou seu amigo, se você me der alguma coisa, senão você não tem qualquer interesse para mim. Isso não é ser amigo.
Ser amigo implica antes de mais nada em ter amor. Isso é sem nenhuma conotação sexual, atração sexual é outro tipo de interesse. Ter consideração, se preocupar, sem que estejamos preocupados porque temos interesse nisso.
Ao contrário do que se possa pensar isso não tem nada da ingenuidade que, tenho certeza, várias pessoas vão ver nas minhas palavras.
Nós viemos a este mundo juntos e todos dependemos de todos para viver. Alguém tem alguma ilusão de que consegue viver sozinho ? Todos dependemos de todos.
Eu mesmo sou bem sincero em dizer que eu não tenho qualquer interesse na amizade de ninguém, inclusive na de qualquer dos meus amigos. Ao contrário disso, eu gosto de ser amigo verdadeiro de todos. Gostar contém amor, interesse na amizade contém egoísmo. Essa é a diferença.
Amizade traz vantagens materiais ? Traz sim. Inúmeras. Mas elas são subordinadas ao sentimento que um amigo tem pelo outro, e antes disso a quem dá o amor ao coração dos homens.
Ao contrário disso as relações de outro tipo, onde um tenta lucrar com o outro, separam. Assim que acaba o interesse não há mais relação. Isso se reflete em casamentos que duram enquanto existem corpos bonitos para se olhar, ou coisas boas para se ter, ou oportunidade de retribuir o favor. E muita solidão depois.
Entretanto quando há amizade verdadeira, e um amigo precisa de apoio, ele não é concedido porque queremos lucrar depois. No final acabamos por lucrar muito mais, porque essa pessoa pode fazer muito mais por nós pois não estará ligada à condição de esperar ser retribuída. Mais uma vez se estivermos esperando por isso, não adianta nada.
“Pô mas ninguém é assim. Todo mundo só pensa em lucrar para si”. Pois é concordo. Mas fazem isso por mau exemplo histórico. E uma hora temos que começar a evoluir. Elas fazem isso porque foram tratadas assim desde criancinhas. E nós estamos aqui para quê ? é para melhorar.
Lembre de tantas coisas ruins que já aconteceram neste mundo por egoísmo. Quantas guerras aconteceram. Quantas pessoas tiveram que pagar para que outras satisfizessem seus interesses de lucro pessoal.
Então, nós temos que ajudar alguém, não é porque esperamos algo dessa pessoa, e sim porque ela é um ser humano. Pelas qualidades dela. Temos que a ajudar a melhorar, evoluir e progredir. Ganhamos com isso ? Claro. Aprendemos a ser pessoas melhores. Será que ela vai nos ajudar ? Se ele quiser ajudar, massa. Mas não temos que contar com isso ou ajudar por interesse, e sim porque temos amor no coração.
Isso sim vai nos dar a vantagem que tanto queremos.

Eu sou melhor do que você

Sou mesmo. Da seguinte forma:
Um bocado de gente tem a percepção de que tem algum tipo de “merecimento especial”, por ter “algo mais”. Esta armadilha, criada pela vaidade de cada um, se utiliza dos mais variados meios para se julgar superior. Entre os mais comuns estão a situação econômica, a inteligência, a “boa família”, um trabalho de responsabilidade, o “bom gosto”, a simplicidade, a sua inserção em um determinado contexto social, a antiquidade em um determinado lugar ou grupo. Podia aumentar essa lista quase infinitamente e isso não seria mais do que repetir o óbvio.

O que talvez não seja tão óbvio entretanto é que estas pessoas são realmente melhores do que você e eu. E elas têm razão em dar valor a determinados aspectos de si mesmo, porque muitos na verdade têm um valor. Mas isso é verdade para todos. Para uns e para outros. Eu sou melhor que você em algumas coisas. E e isso me faz realmente melhor que você neses aspectos específicos. Assim como você é melhor que eu provavelmente em muitas coisas. E você é realmente, verdadeiramente melhor que eu. E eu melhor que você. E melhor que a imensa maioria das pessoas EM ALGUMAS COISAS. E melhor que o cara mais rico do mundo. E este senhor seja ele quem seja, é melhor que eu em muitas coisas. E melhor do que todos os seres humanos da Terra, sendo eles também melhores que eu.

É exatamente porque ninguém é melhor que ninguém em tudo, e todos são melhores que todos em algumas coisas, que ninguém é melhor que ninguém.

Isso nos faz simplesmente iguais. Complementares. Irmãos.

Já disse Jesus: “A César o que é de César”. Vamos portanto dar o reconhecimento a cada um na certeza que embora você seja melhor neste ou naquele aspecto, quem sabe mais inteligente, mais culto, mais rico ou mais carismático, vai perder feio pra qualquer um em algum aspecto.

Todos somos iguais e não adianta procurar, não existem aqueles que são mais iguais que os outros.

A crueldade de ser feliz

Então você quer ser feliz né ? Pois é eu acho isso muito cruel. Mais do que cruel, eu acho impossível. Ao menos em um futuro imaginável no atual estágio de evolução humana.

Cruel ? como cruel ?

Cruel porque é a coisa mais egoísta que você pode querer. E é a mais egoísta, porque para que alguém possa atingir um estado de “felicidade”, seja lá o que isso for, terá que ignorar todo o sofrimento à sua volta.

Como você pode ser feliz vendo a infelicidade de membros de sua família ?
Ok… suponhamos que todos na sua família sejam felizes.

Como você pode ser feliz se tantos sofrem no meio que você vive ?
Tá tudo bem, você mora em Beverly Hills e todos à sua volta parecem felizes.

Como você pode ser feliz se você sabe do sofrimento de tantas pessoas em tantos lugares, não só no seu país, mas em outros?

Então para você ser feliz é preciso que todo o planeta seja feliz junto com você. Ou então não pode existir felicidade.

Mas vamos viajar na maionese e imaginar que um dia num futuro distante seja possível a humanidade atingir um nível tão alto onde todo o sofrimento possa ser eliminado deste planeta (sonha Alice!).

Com toda certeza muito antes de isso acontecer teríamos tomado contato com outras raças de outros mundos em um Universo tão vasto.

Então… Como você pode ser feliz se há tanto sofrimento em tantas galáxias ?
E tem uns cientistas e místicos aí falando de outras dimensões.

Por conseqüência para que você seja feliz, no mínimo todo o universo tem que ser feliz com você. Capaz de não conseguirmos que seja hoje. Nem amanhã. Mas continue tentando. Eu mesmo acredito em reencarnação.

A terceira vertente

Muitas vezes define-se individualismo como a ênfase individual de si sobre os outros e coletivismo como a oposição a esse conceito. Associações de pessoas que se fortalecem por estarem juntas. Entretanto estas normalmente se opõem a outro grupo humano. E aqui está onde vejo essas duas atitudes se igualarem. Ao invés de ser indivíduo contra indivíduo, passamos a ter grupo contra grupo, o que no final dá no mesmo, ou seja, a idéia de conflito permanece. O coletivismo da forma que ele é normalmente conhecido, é o individualismo aplicado a um grupo.

Sabemos obviamente que as coisas não são tão simples assim e que muitas outras nuances permeiam estes dois conceitos.

Nunca gosto de usar os termos bem e mal, luz e trevas porque eles além de extremamente batidos, apresentam uma conotação social por demais conflitante e geradora de reações fortes demais para que se mantenha qualquer discussão plausível.

De qualquer forma acredito que existam duas forças opostas na natureza. Chamem como quiserem. Eu dou os nomes de coletivismo e individualismo a estas forças. Entretanto não utilizo estes termos no conceito geral acima citado e muito menos com a conotação tradicional de bem e mal.

Acredito no individualismo como uma atitude mental que nos leva a querer crescer cada vez mais, ter cada vez mais conhecimento, força e poder, indo o mais longe que possamos conseguir, buscando sempre proteção e segurança individual em detrimento de outrem.

Já o coletivismo é algo raro. É o que chamo de terceira vertente. Terceira porque não é nem uma atitude individual, nem o coletivismo que estamos acostumados, e sim um coletivismo ‘verdadeiro’, muitas vezes associado a grandes homens, mas que é perfeitamente adaptável a qualquer ser humano comum.

Este conceito é basicamente a negação da individualidade. A doação do seu eu para a coletividade. Abrir mão de si e de seus desejos em prol da coletividade.

O que vejo, é que, quando alguém, remando contra a maré ou por puro acidente, segue por este caminho, acaba gerando SEMPRE algo muito muito positivo, e muitas vezes imbatível.

Gandhi e seus seguidores são um bom exemplo. Sua atitude, não se importando consigo mesmo, chegando a se deixar prender pelo governo Inglês pacificamente e em seguida simplesmente não fazer nada. Ficar na cadeia e esperar. Os ingleses prendendo mais e mais até simplesmente não haver mais espaço nas prisões. Esta atitude pacífica, sem ataques violentos, levou à independência da Índia.

Nos início dos anos 60 a cidade de Nashville nos EUA, era dividida entre serviços para brancos e para negros. Havia bares, escolas, locais públicos que não admitiam negros. Nos ônibus os negros eram obrigados a se sentarem atrás. Aí 2 pastores negros (Kelly Miller Smith e James Lawson) começaram a dar palestras para seus fiéis, preparando-os para pacificamente entrar nos lugares dos brancos e simplesmente ficar lá.

Depois de meses de discussões e preparação para isto, um grupo entrou em um bar branco e ficou lá simplesmente. Foram expulsos á força. Nesse momento, outro grupo entrou, e lá ficou. Isso se repetindo vários dias, a polícia prendeu um grupo, e no mesmo instante entrou outro no lugar desse.

Os negros passaram a boicotar os produtos de brancos, e estes começaram a ter prejuízo.

Isso conquistou o direito dos negros de terem acesso a todos os lugares, e acabou com a segregação racial.

Exemplos como esses mostram o que quero dizer: Negação da individualidade e do medo individual, para a doação para uma coletividade maior.

Alguém podia argumentar que isso foi apenas uma mera associação contra outra parte, e que se encaixa no conceito normal de coletivismo.

Entretanto a diferença está na forma com que foi feita a ação. Nem Gandhi, nem os pastor es atacaram de qualquer forma seus opositores. Eles simplesmente usaram sua liberdade e estiveram dispostos a apanhar e sofrer humilhações, sem reagir.

Isso gera uma força inimaginável, e impossível de ser combatida na minha opinião.

Não estou dizendo que precisamos ser santos. Estou dizendo que precisamos de mudar a atitude mental. De uma atitude centrada no indivíduo, para uma atitude social e centrada na sociedade.

Estou dizendo que ao tomarmos uma decisão ainda que pequena, como comprar um produto ou serviço, deveríamos pensar muito mais o que aquela decisão implica socialmente.

Ao adquirirmos produtos a um preço exageradamente baixo, alimentamos a miséria em outra parte do mundo. Ao ouvirmos música de péssima qualidade impedimos grandes artistas de ter sucesso. Isso são exemplos pequenos. Talvez você pense que isso não afeta em nada a sociedade. Acho porém que a falta de consciência para esses detalhes é que nos leva a tomar atitudes muito mais sérias e conseqüentemente muito mais erradas como alimentar a corrupção ou votar em políticos que irão nos dar vantagens.

No meio empresarial temos também bons exemplos do ganho com esta atitude: Quando a IBM lançou o PC haviam 3 grandes linhas de computadores 16 bits no mercado mundial cada uma com sua fatia de mercado: Apple Macintosh, Atari ST e Commodore Amiga. Quando o PC foi lançado era sem nenhuma sombra de dúvida o pior das 4 linhas. De longe. Entretanto, como não era interessante para a IBM continuar com isso, ela abriu a patente do hardware.

Isso ao invés de dar prejuízo à IBM, fez com que começassem a pipocar fabricantes de hardware para PC no mundo todo, abaixando assustadoramente o preço e transformou o PC no que ele é hoje. O Amiga acabou, assim como o Atari, sobrando apenas o Macintosh com sua limitadíssima parcela de mercado que vemos hoje. E a IBM acabou lucrando e muito com o novo mercado que surgiu.

O Linux é outro exemplo, que vem desbancando servidores e mais servidores da Microsoft. Se tornou o melhor sistema operacional do mercado. Tudo porque Linus Torvald abriu mão de sua patente e a comunidade ajudou, aliás o movimento de software livre é um ótimo exemplo desse ideal.

O coletivismo, essa atitude social e não individual, é o que cria realmente um mundo sem conflitos.

É o que precisamos