O ET e o torcedor

Um torcedor que morava na periferia de uma grande cidade brasileira, voltava pra casa no Domingo depois da bebedeira pós-jogo. Ainda embriagado gritava para o vento: timão! timão! E cantava o hino do seu clube em altos berros.
Estava quase chegando quando viu, em uma área de mata perto de sua casa, luzes estranhas. Com a coragem que o álcool lhe deu, decidiu ir lá ver o q era. Ao chegar lá viu o clássico disco voador com um ET na frente e dizendo:
-@~&-]>R<*^JF
Ele clica num botão no capacete.
-perdão esqueci de ligar o tradutor.
O torcedor paralisado de medo e com a bebedeira já curada pelo susto, mal consegue falar: quem é você ?
-&*]wh@ satisfação .
-Vc esqueceu o tradutor de novo.
-Não, o nome é esse mesmo &*]wh@. Mas me chame de Zé se ficar mais fácil pra vc. Satisfação .
Satisfação, João do timão. Você veio de outro planeta ?
-É… mais ou menos. Na verdade, tecnicamente é uma estação espacial de mineração na lua de um asteroide. Mas digamos que sim pra facilitar. Deixa eu te dizer: que som horrível era a quele que você estava emitindo ?
-É o hino do timão. Meu time do coração.
-Time ? Não temos isso no meu… digamos planeta. O que é isso ?
-É… bem… é um time de futebol.
-Também não temos isso.
-Não tem futebol ? E o que cês fazem por lá ?
-Muitas coisas, mas me fale do time de futebol pra eu ampliar meu conhecimento a respeito do seu planeta.
-Então… futebol é um jogo. Uma disputa com regras definidas entre 2 times para ver quem consegue colocar uma bola (uma esfera) em um retângulo com uma rede mais vezes.
-Parece chato e inútil. O que vencedor ganha na disputa ? A bola é de algum material precioso pra vocês por isso a disputam ?
-Não não. É cheia de ar mesmo.
-Não me parece algo que valha a pena ser disputado.
que não disputamos a bola, disputamos o jogo.
-E quem ganha, ganha o q ?
-Bem… ele ganha pontos em um campeonato e prestígio.
-Ah sim, porque certamente o jogo permite a vocês melhorarem seus índices sociais.
-Não, muito pelo contrário, os índices sociais estão cada vez piores.
-Ué e o prestígio vem porque…
-Porque o time venceu!
-…
-É ué. Venceu.
-E ?
-E ele venceu, é campeão.
-Mas o que exatamente melhora na sua vida ?
-A satisfação de ver o timão campeão!
-Mas não melhora nada na sua vida ?
-É a alegria, é a emoção, é paixão!
-Entendo…
clica no botão “ativar segurança”.
-Tá mas eu ainda não entendi o que é um time explique melhor aí.
-É um grupo de jogadores, contratado por um clube.
-E clube é…
-Uma empresa que contrata os jogadores.
-Então vamos ver se eu estou pegando a ideia: um time é um grupo de jogadores que trabalham para um grupo de pessoas que vocês chamam de “empresa” ou “clube”
-É. Eles ganham muito dinheiro.
-Dinheiro… deixa eu ver aqui no banco de dados. Ah sim… instrumento de valoração para trocas de produtos. Entendo. E eles têm mais capacidade de comprar produtos do que outras pessoas ?
-BEM mais.
-Porque ? O que eles fizeram ? Melhoraram de alguma forma seus indicadores sociais ?
-Só os da PAIXÃO PELO TIMÃO!!!
aperta o botão “escudo nível 2”.
Hmmm acho que estou começando a entender umas imagens que eu vi aqui quando estava chegando. Sim então um time é um grupo fixo de jogadores que vocês torcem para que ganhe de outro grupo de jogadores de outra empresa.
-Fixo ? Não. Os jogadores mudam.
-Mas vocês não estavam torcendo por eles ? E muda toda hora ?
-Sim às vezes para times rivais.
-Então vocês não torcem pros jogadores, vocês torcem para as pessoas que administram o clube. Para que eles contratem bons jogadores para que o clube tenha mais vitórias. Pelo menos essas acho que não mudam né ?
-É… mais ou menos. Mudam às vezes.
-… mas então vocês torcem por algo que muda todo o tempo ? Vcs torcem por algo que é um movimento constante de coisas variáveis ?
-Que seja pela BANDEIRA DO TIMÃO!!
-Hmmm… bandeira… deixa eu ver aqui: “pedaço de tecido com cores, formas ou símbolos representando algo”. Vocês torcem para um pedaço de pano ?
-Claro que não! É pelo que ele representa.
-Deixa eu ver se tô entendendo: vocês torcem por um símbolo fixo que representa a capacidade um grupo temporário de pessoas tomarem boas decisões na administração do clube de forma a contratar outro grupo temporário de pessoas e estas possam vencer outro grupo na mesma situação ?
-Mais ou menos a bandeira também muda às vezes.
-Tem alguma coisa que não mude e que seja o foco do sua torcida ? A cor ?
-É… a cor normalmente é fixa, mas alguns times já mudaram suas cores também.
-Eu não sei se eu tô entendendo. Esse negócio tá confuso.
-Tá confuso porque você não é daqui
pensa: “ainda bem”.
o timão brother!
aperta o botão “escudo nível 3”.
então… deixa eu resumir aqui só pra ver se eu entendi: você tem uma paixão e torce para que um símbolo variável de uma cor variável representando um grupo variável de pessoas tome boas decisões administrando outro grupo variável de pessoas para que eles possam vencer outro grupo na mesma situação em uma disputa para quem consegue colocar um objeto esférico em uma rede mais vezes, para ganhar pontos em um campeonato que não trará qualquer ganho nos seus índices sociais ou culturais. E vocês ainda dão aos grupos de pessoas envolvidas uma quantidade do seu instrumento de valoração muito acima da média normal sem que essas pessoas tenham qualquer mérito especial ou melhorem a sociedade de alguma forma.
-Tu é chato .
-Inclusive estou vendo aqui no computador que essas pessoas muitas vezes se envolvem em escândalos e nem todos têm o melhor caráter, que seus governantes se utilizam de grandes jogos para aprovar leis impopulares enquanto vocês estão distraídos vendo o jogo e que as torcidas brigas e até se matam. Isso é verdade ?
-Bem… infelizmente sim.
-E porque vocês desperdiçam tantos recursos e energia em algo tão desprovido de sentido, que só separa vocês e alimenta o sentimento de competição ao invés de cooperação, além de gerar tanta violência ?
você nunca vai compreender. Time não se explica. É PAIXÃO, É EMOÇÃO, É O TIMÃOOO PORRA!!!!
pôe a mão em cima da pistola de raios e caminha lentamente para trás.
-Calma…. Tranquilo. Fique aí.
Ele corre, entra na nave e decola rapidamente. Ao se comunicar com a base diz:
-Galera, lembra que a gente tava procurando um lugar pra servir de hospício pra gente ? Achei!

E se ?

-Ouvir ao som de Princes of the Universe – Queen

E se realmente formos espíritos imortais ?

E se realmente estivermos à milênios e milênios reencarnando uma vida após a outra aprendendo bem devagarinho ?

Se isso for verdade quantos espíritos existirão ? Com certeza sabemos de uns 7 e tantos bilhões. E se os animais estiveram evoluindo para depois encarnar como humanos ? E se os insetos estiverem evoluindo para depois encarnar como animais ? E se as plantas estiverem evoluindo para depois encarnar como insetos ? E se as pedras estiverem evoluindo para depois encarnar como vegetais ? Quantos dá ?

E se essa regra valer para todo universo em incontáveis mundos em incontáveis galáxias com graus de evolução diversos e incontáveis reinos como os nossos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Quantos dá ?

E se o nosso planeta for um grão de poeira com um reduzidíssimo número de seres em um fragmento de evolução em uma cadeia inimaginável de galáxias, sistemas, mundos, reinos e seres ? Mesmo que o número de seres neste mundo (2,5 octilhões) nos pareça colossal, se pensarmos dessa forma somos mera poeira nessa evolução universal.

E se esses espíritos mudam de mundo em mundo conforme seu grau e necessidades ? Considerando a dificuldade de evolução que vemos claramente na humanidade, quantos milênios serão necessários até um grau mínimo de civilização ?

Se estamos aqui à aproximadamente 100.000 anos e evoluímos tão pouco que estamos a ponto de destruir esse planeta, me pergunto se este é o primeiro planeta que destruímos (ou o último).

E se for assim mesmo ? E se a gente reencarna de planeta em planeta, destruindo alguns no caminho e depois indo pra outros e evoluindo o tempo que conseguirmos lá até evoluirmos o suficiente pra conseguir manter o planeta vivo ou destruirmos mais um.

Talvez Deus seja rico o suficiente para poder dispor de um número incontável de planetas até finalmente darmos conta de conseguirmos ficar em algum sem destruí-lo.

Mas aí tem todos os outros seres que ainda não evoluíram e precisam de mais e mais planetas.

Talvez por isso existam tantas galáxias, com tantas estrelas, tantos mundos e em especial tantos mundos vazios. Talvez porque seja assim mesmo que espíritos evoluem.

Talvez hajam outros universos, como bolhas que se expandem e retraem, criada para evoluir consciências com um inimaginável número de mundos, onde se dá a evolução e quando não houver mais mundos que deram certo e mundos que não deram o universo se retraia e retorne ao que quer que exista além dele apenas para que outro universo seja criado e assim sucessivamente até um grau inimaginável de evolução.

Talvez os planetas que deram certo se acendam com o amor dos espíritos que ali estão e se tornem estrelas iluminando a escuridão do vazio cósmico e no final antes da retração haverão tantas estrelas que o universo não será escuro e navegaremos no cosmos de um mar de luz.

Pensar assim traz um nível de calma tão grande. Por um momento as grandes questões, todas as causas sociais, tudo por que lutamos parece bem menor que procurar buscar ter calma, serenidade e tratar a todos com amor.

Tenha calma. Tem tempo.

2 + 2 = 22

Esses dias vi um curta chamado “Matemática alternativa” onde uma professora era criticada por ensinar a um aluno que 2+2=4 quando o aluno dizia que era 22. No vídeo, gerou-se um movimento de defesa do aluno com especialistas mostrando que 2+2 pode ser 22 e criticando a professora por ser radical. A professora acaba demitida mas tem sua vingança no final quando vão fazer as contas da demissão e ela em direito a 2 parcelas de U$ 2.000,00. Nesse momento a professora exige U$ 22.000,00.
O sentido do vídeo é óbvio: criticar quem diz que tudo é relativo e “provar” que existem coisas perenes.
Embora esse conceito certamente encontra eco na mente de muitos, há muito perigo em se encarar as coisas dessa forma e há várias falácias nesse vídeo.
Em primeiro lugar está se enxergando as coisas da perspectiva das áreas STEM (acrónimo em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática), que vêm sendo historicamente mais valorizadas academicamente gerando assim um preconceito em relação a outras áreas. Essas áreas são chamadas de exatas porque seus conceitos são passíveis de provas exatas e objetivas como a pergunta em questão.
Outras áreas entretanto não têm essa característica. Como aplicar objetividade ou exatidão à discussão do que é beleza ou arte ? Como trabalhar de forma objetiva e exata no entendimento dos processos internos pessoais ? Ao contrário das ciências exatas, esses campos de conhecimento são estruturalmente subjetivos.
Mas podemos encontrar relativização de conceitos mesmo dentro das ciências exatas, mesmo dentro da matemática. Se por exemplo colocarmos em uma planilha eletrônica em duas células separadas o valor 1,99999, somarmos as duas células e formatarmos o arredondamento pra inteiros, chegamos no valor 4 a partir de 2 números que não são 2. 2 + 2 pode ser 22 se considerarmos o “2” como símbolo ou figura. Se apenas retirarmos o conceito de atribuição de valor ao símbolo “2”, a soma passará a ser sim 22. Porque ele passará a ser uma mera figura. Quanto é  ∗ + ∗ senão ∗∗? Uma figura mais outra é igual a 2 figuras.
Então para “provarmos” nossos conceitos perenes precisamos manter a mente fixa na perspectiva que foi moldada em nós desde que nascemos e/ou utilizarmos réguas de medida que cabem somente em casos específicos de certas áreas do conhecimento. Por causa desse molde, nos mantemos muitas vezes a vida toda em um mundo restrito ao que conhecemos e deixamos a “coisas estranhas” pra lá. Isso limita nosso pensamento e quanto maior for o aumento populacional, mais o mundo parecerá “degenerado”, mas é o mundo que está degenerado ou somos nós que sempre recusamos a expansão mental a partir da convivência com o diferente e portanto não conhecemos o que o mundo realmente é ?
Infelizmente essa visão com antolhos passa a ser para muitos o parâmetro do que é correto. Já é suficientemente ruim quando alguém tem essa visão e quer viver assim porque impede sua própria evolução. Mas quando se soma a essa equação a dificuldade de conviver com pessoas que pensem diferente ou o fanatismo religioso, as coisas tendem a piorar rapidamente. O discurso que pra alguns é somente “não gostar” quando propagado entre quem pensa igual, encontra facilmente acolhida em mentes radicais que muitas vezes chegam à ação. Quantas pessoas nós conhecemos que são introspectivas e tendem a explodir facilmente ? Essas pessoas alimentadas pelo discurso de quem não é “tão radical”, chegam muitas vezes a cometer atos no nível da barbárie. E depois quem está em um discurso menos radical diz: “Mas não precisava disso, assim é demais”. Mas na hora de alimentar o discurso estava lá, dando o combustível que aquele ato terrível precisava.
Então ao ver aquele vídeo meu sentimento foi dúbio porque eu entendo a necessidade de se ver a realidade e não se deixar levar por fantasias ou por relativismos não embasados. Seguir por esse caminho é se iludir e dar margem pra todo o tipo de charlatanismo e não valorizar o estudo e a ciência. Mas por outro lado é preciso muito cuidado para que essa busca pelo real não seja apenas uma visão estreita da realidade. É preciso estar aberto para possibilidades que inicialmente pareceriam fora da realidade ou nocivas. É preciso encarar idéias novas com interesse e com espírito de descoberta. Em especial é preciso fazer um esforço para entender o que está sendo dito e se os conceitos que nos embasamos não são mera ignorância ou às vezes manipulação de quem detém o poder. Porque muitas vezes o preconceito, a ignorância e a padronização interessa a muitos porque permite a manipulação.
Encarar a vida com leveza, dar a todos a liberdade para que sejam como quiserem, permitir-se conviver com conceitos diferentes dos seus, encarar coisas diferentes com interesse e se esforçar por ampliar sua mente, cultura e conhecimento é a receita para uma vida mais plena e para a diminuição de boa parte do sofrimento no mundo.

Quantos são vc ?

Então… tá aí de boa ? Vamo aqui comigo pensar uma coisa.

Vc acha que vc é vc né ? Mas o que é vc ? Quantos são vc ?

Se ficar em silêncio e de olhos fechados um pouco, vai perceber um monte de pensamentos na sua cabeça. Se você ouve esses pensamentos, pode ver que existem pelo menos 2 partes de vc: os pensamentos e o que quer que seja que ouve os pensamentos.
Pode ver tbém que vc sente e que os sentimentos não são os pensamentos, nem aquilo que ouve os pensamentos. Então já são 3 partes.
Vc pode perceber que pode lembrar de coisas passadas e esse lugar onde vc vai buscar as lembranças não é nenhuma das outras 3 coisas. 4 partes.
Vc pode perceber que determinados sentimentos e pensamentos se apresentam sem que vc tenha qualquer controle sobre isso. De onde eles vêm e como eles chegam sem ninguém mandar ? Ou será que tem alguma coisa que é a fonte desses sentimentos e pensamentos que vc não controla ? 5 partes.
Vc sabe que de repente vc se assusta com alguma coisa, ou percebe um perigo e “dá um pulo pra trás”. Mas vc não comanda o pulo. Esse pulo é automático e por isso comandado por alguma outra coisa além da sua vontade. Mas também não é a mesma fonte de onde vêm os pensamentos e sentimentos que chegam, pq é muito mais rápido e atua muito diferente. E também não é nenhuma das outras coisas. 6 partes.
Vc sabe que existem diversos sistemas em vc que também são automáticos e não estão sobre o seu controle direto, como as batidas do coração, o funcionamento dos rins e do estômago, entre outros. Se vc não atua pra que nada disso funcione alguma coisa deve manter tudo isso funcionando. 7 partes.

Vc pode achar que é tudo isso junto, mas como achar que tudo isso é “você” se vc não controla boa parte das partes de vc ? e como acreditar que existe um efeito sem causa ? E se há uma origem ou causa para o que vc não controla em vc qual é esta causa ? Faz ou não parte de vc ?

E agora ? Ainda tem certeza que vc sabe quem ou o que é vc ?

Índigo, Cristal, X Y Z e tal

Toda geração tem suas críticas à anterior. E seus jeitos peculiares de rotulá-la. E toda geração anterior sempre acha meio estranho alguns “jeitos novos” e “rótulos novos” trazidos pela novas gerações. Eu também tive minha parte de rótulos e críticas às gerações anteriores à minha. Naquela época chamávamos de careta, antiquado, algo assim. E obviamente minha geração também deveria parecer bem estranha pra quem veio antes. Afinal de contas a minha pré-adolescência foi no auge dos movimentos Dark, Punk, Gótico e coisas assim. Lembro bem de pessoas naquela época dançando como se fosse Tai-Chi-Chuan ao som dos Joy Division da vida. Esse conceitos depressivos e desesperançosos daquela época à lá Sisters of Mercy, deveriam parecer bem estranhos. As capas dos discos do Iron também.
E agora também chega a minha vez de ver conceitos que soam estranhos para mim serem utilizados pelas novas gerações. Sendo assim resolvi falar a respeito de alguns rótulos novos que me parecem muito estranhos.

Primeiro as tais crianças “Índigo” e “cristal”. Que conceito bizarro. Em todas as épocas desde a mais remota antiguidade sempre houveram pessoas que se destacaram por sua compreensão e capacidade. Sócrates, Aristóteles, Akenaton, Sidarta, Da Vinci, Nietzsche… a lista é interminável.
E agora quer-se rotular crianças pelo simples fato de estarem em uma compreensão acima da média, ou na verdade, especialmente acima da compreensão de seus pais. Isso é um equivoco claro. Um equivoco nocivo e injusto em especial com as próprias crianças que terão depois que corresponder a essas altas expectativas que se coloca nelas desde o berço. E é um peso grande.
Por parte dos pais é triste vê-los colocar-se nessa situação. A imagem que passa é que estão querendo colocar nas costas dos filhos as suas frustrações e insucessos. Veja, nós não nos destacamos, mas meu filho é Índigo. Triste. É uma posição lamentável para se colocar.
E alimenta também algumas coisas muito ruins. Primeiro o orgulho de querer “ser especial” ao invés de ter consciência da igualdade entre todos os seres humanos. Mesmo que seu filho seja melhor nisto ou naquilo ele sempre será menos capacitado em alguma outra área. Sempre haverá alguém melhor que seu filho em alguma coisa (leia meu texto Eu sou melhor que você). E isso alimenta na pessoa a fantasia de que ele(a) tem algum merecimento especial (se achar melhor que o outro) simplesmente por ser você mesmo. Isso é só uma fantasia.
Mas eu também entendo que nossos filhos são muito especiais pra nós e tendemos naturalmente a querer colocá-los em alta consideração. Mas veja, eles terão que enfrentar o mundo algum dia. Nesse dia tudo que eles não precisam é se achar dignos de algum “merecimento especial”. Precisam aprender a trabalhar duro e se esforçar, moldando assim seu caráter.
Então não diga que seu filho é “Índigo” ou “Cristal”. Diga a realidade. Seu filho é um espírito em evolução como todos nós. Com muitas coisas a melhorar e muito a contribuir. Se ele já vai bem em algumas áreas, apoie, examine bem e o auxilie a melhorar no que ele precisa. Certamente terá muito o que trabalhar.

Aproveitando pra falar também de outro conceito que acho muito estranho. Dessa vez é comigo. É o tal rótulo Geração X, Y, Z. Parece que eu sou da X segundo um colega de trabalho.
Acho muito estranho reduzir toda uma geração, constituída de muitos universos em um período vibrante como os anos 70/80, que gerou tantos movimentos e acontecimentos a uma simples letra. É o cúmulo da simplificação.
Veja a sua época. Olhe ao seu redor. Quanta coisa acontece no mundo. Quantas culturas diferentes existem, quantos movimentos sociais, políticos e culturais. Quantos conflitos. Quantos estilos musicais existem. Acharia justo juntar bilhões de possibilidades e dizer: esse conjunto de bilhões de possibilidades chama-se A. As pessoas que fazem parte do conjunto A agem assim ou assado. Tosco né ? que simplificação grosseira. O mundo e uma determinada época sempre foi acima de tudo plural. Nem todos os rótulos do mundo serviriam para definir uma época e seu pensamento, porque o pensamento, cultura e acontecimentos, são por demais plurais. Volta e meia ouço falar de um movimento cultural da minha época que eu nunca tinha ouvido falar, de um cantor que era super-famoso e eu não conheci. Então como é possível tal redução. De novo essa é um conceito nocivo, porque segrega, separa. É mais um instrumento da velha mania humana de querer nos separar em “eles e nós”. Dica: não existem “eles”. Só tem nós. E pense num nó grande pra desatar é acabar com essa noção e convencer o povo a se unir. Essa é o grande problema desses rótulos. Reforçar a divisão.
Galera mais jovem, da próxima vez que criarem conceitos, criem conceitos unificadores. Já temos divisões demais.

Além do óbvio remodelado

Caros leitores,

De tempos em tempos o universo conspira para que as coisas se renovem. Desta vez o universo fez isso na forma de um hacker que invadiu meu antigo servidor e de um péssimo serviço por parte do provedor.
Como sempre as renovações são sempre boas. Permitiu que eu fosse obrigado a remodelar todo o site e dar uma cara mais moderninha pra ele.
Espero que gostem do novo Além do Óbvio.

Por favor relatem qualquer problema no site no meu email: nelson777@gmail.com

Carta à coroa por ocasião da perda do príncipe herdeiro

Atualmente ainda há quem defenda a monarquia. Em alguns países ainda existem reis, ainda existe quem se considere “nobre” ou “bem-nascido”. Na maioria dos casos, estas famílias não passam de caros bibelôs de luxo pagos pelo contribuinte sem poder real. Imaginemos um reino moderno, no séc. XXI onde ocorreu a morte do príncipe herdeiro. Esta é uma hipotética carta de um homem comum à coroa por ocasião deste acontecimento.

A vós senhores, que ainda ostentais tão ridículos títulos a este tempo, eu vos digo: a dor a é mesma. A dor é a mesma!
Quantas tragédias, quantas mortes, quão ridículo aos olhos de tantos ainda haveis de passar até te dares conta que teu tempo passou!
Joguem fora seus títulos! Joguem fora seus luxos. Abram mão de suas tão babilônicas vaidades. Há muito a Babilônia se foi.
Teu poder à muito se esvaiu, teus exércitos, outrora grandes, hoje não passam de enfeites pavoneantes.
Aproveita o tempo com teus filhos enquanto ainda os tens!
Que te valem teus luxos agora ? Não os trocarias todo por veres teu príncipe voltar ?
Não percebes ? A dor é a mesma. Para mim e para ti. Sem distinções, sem títulos, sem superioridades, sem maior ou menor, sem reis, rainhas, dons, príncipes ou princesas e tão somente a singeleza do tu e eu.
Já passou o tempo desses títulos ó majestades. Já se foram as carruagens, restando apenas as abóboras.
Está na hora de acordar. Está na hora de verdes que sois tudo o que sempre foste… eu e tu.
Vem… que seja um novo tempo. Que sejamos iguais e que por isso possamos permitir que o outro veja o quanto sofremos, ao invés de novamente ter de nos esconder atrás de nossa vaidade, para que ela e só ela possa prevalecer, enquanto nosso espírito esmorece mais e mais atrás das máscaras.
Não mais! Afasta-te ó vaidade! Arreda-te! Ó majestades deixai-a ir! Deixai cair as máscaras! Eu sei que a dor é a mesma. Tu também sabes. Então porque haveríamos de carregar ainda a vaidade conosco, já que temos que carregar tão pesado fardo ? Deixai-a ir majestades! Ela já recebeu seu quinhão.
Sois iguais a mim majestades. Bem o sabes. Apenas por tempo demais tentaste enganar a mim, mas principalmente a ti. Já é tempo majestades. É tempo de virdes até mim. Para que servem teus títulos ? Os luxos e as poses ? Se no final tudo o que precisamos é somente entender que não existem bem-nascidos e plebeus, mas tão somente o tu e eu.
Venham comigo majestades. Vamos descobrir um novo dia. Vamos descobrir um novo tempo onde possamos descobrir juntos um meio para que nossos filhos não morram majestades! Ao invés de perder tempos com luxos e vaidades. A vaidade só nos distrai. Faz com que percamos tempo e oportunidades de conhecer pessoas simples, lindas e leves que a vaidade corruptivamente acha inferiores. Eles são iguais majestades! Talvez menos vaidosos. Talvez com menos luxos. Talvez com menos poses. Talvez tenham menos dificuldades em pronunciar seus próprios nomes. Quem sabe talvez mais produtivos majestades.
MAS EU VOS DIGO MAJESTADES! A DOR É A MESMA! A DOR É A MESMA!

Os danos colaterais da queda do machismo

O debate a respeito do machismo anda esquentando esses dias. Bom isso. Tá mais que na hora das relações homem-mulher amadurecerem. Não é aceitável que uma mulher seja obrigada a andar permanentemente com medo e nojo ao mesmo tempo apenas por sair de casa. Não é aceitável que uma mulher seja compreendida como inferior ou como objeto. Cantadas a desconhecidas na rua não são nada éticas. Ter preconceitos como achar que mulher é mais emocional, ou que o desejo delas é diferente é só ingenuidade mesmo.
Mulheres apenas procuraram meios de se adaptar a uma sociedade terrivelmente atrasada e machista. Tá na hora disso mudar. A luta das mulheres deve ser apoiada, fortalecida e como homens devemos procurar tratar a mulher de igual pra igual, tendo a maturidade de reconhecer a igualdade que ela sempre teve.
Mas em épocas de transições culturais, sempre há excessos. É normal. É o pêndulo indo pro lado contrário com velocidade maior, porque ele esticou muito tempo pro outro lado.
São vários problemas.
Em primeiro lugar os homens que assim agem não são a totalidade. Mas homens que não participam desse contexto são muitas vezes agredidos e neles colocada a pecha de machista por um erros simples, fruto do ambiente machista em que foram criados.
Em segundo lugar por causa desse mesmo ambiente, muitas mulheres são sim machistas e anti-éticas. Se nenhuma mulher aceitasse se relacionar com homens comprometidos, não haveriam traições. Se mulheres educassem seus filhos para não serem machistas, não haveriam machistas. Todo machista tem mãe. E uma mãe machista ou que tolera o machismo do filho.
Outro problema é o uso de critérios duplos para os homens. Se um homem olha para uma mulher na rua sendo comprometido, mesmo que não aja além disso, ele é condenado. Mas ninguém imagina se ele se esforça para se libertar das amarras do ambiente que nasceu. Não se vê que apesar de olhar muitos não agem. Porquê então olham ? Porque assim foram criados e esse comportamento reforçado ao longo dos anos. Já o homem tem que compreender que a mulher tenha um comportamento agressivo em certa parte do mês. Tem que compreender que ela fique de mau humor por qualquer coisa. Tem que compreender agressão. Ás vezes física. Tem que compreender depressão. Tem que compreender desiquilíbrios. Tem que compreender “coisas de mulher”.
Mas homens também são humanos. Também têm sentimentos e conflitos internos. Também não se compreendem em muitos casos.
Um caso a se pensar é: se aquele homem que está naquela situação fosse seu filho, como você lidaria com a situação ? Será que existem mesmo monstros ? Será que aquela pessoa merece tanto antagonismo porque ainda não conseguiu evoluir o suficiente ou porque não recebeu informação suficiente pra evoluir ? É realmente culpa dele ? Ou é o jeito que as coisas sempre foram ? Dá certo lutar desse jeito ? Todo mundo precisa ser tão duro assim ? O mesmo nível de dureza que você usar com alguém, é o nível de dureza que você receberá.
O que quero dizer é: se um homem está em uma situação machista, deve receber o mesmo nível de compreensão que você quiser ter com as suas falhas. Não se iluda amiga leitora, elas são tantas e tão grandes quanto as de qualquer homem machista. Mas isso não diminui o seu valor, nem o valor dele. As qualidades sempre brilham em nós. São apenas aspectos que todos nós temos que trabalhar e precisamos de alguém que nos ensine um novo jeito de viver, se relacionar e se harmonizar para podermos construir juntos um novo mundo. Mas é juntos. Não é feministas contra machista e vice-versa. É aprender a se compreender e se harmonizar.

O limite da arte

Recentemente alguns espetáculos que foram encenados foram considerados particularmente extremos por alguns. Baseado nisso fiquei aqui refletindo a respeito do limite da arte. Este é obviamente um assunto muito controverso e difícil porque arte é um dos conceitos mais subjetivos que existem. Devido ao seu nível de subjetividade ele é compreendido das formas mais diversas pelas pessoas mais diversas. Então é sempre difícil chegar a um acordo a respeito dos muitos conceitos que circundam este tema.
Quando pensamos em arte pensamos em quadros, esculturas, peças de teatro, cinema, ópera, vídeo, instalações, poesia, literatura, design, arquitetura… tantas e tão diversas coisas que falar de “limite para a arte” soa meio estapafúrdio, meio que falta de entendimento do conceito “arte”.
É justamente esse o problema. A subjetivação é tanta que não se pode chegar a um consenso do que é realmente arte. Não há como traçar uma linha fixa onde se defina claramente isto é arte e isto não é arte. Essa linha é muito borrada e muita coisa passa de um lado para o outro simplesmente pelo olhar de quem vê.
Então eu posso colocar um papel em cima de uma mesa e dizer que isso é arte ? Pra mim isto parece ser um pouco de exagero. Mas se eu dobrar o papel e fizer um origami, já é arte. Uma cortina na parede pode ser considerada arte ? Um pneu no chão ? Esperar o ônibus pode ser arte ? Talvez… se fizermos alguma intervenção. Talvez possa. Que intervenção ? Assalto também é intervenção. Então assalto é arte ? Quem sabe aparece um para dizer que sim. Mas se você disser que não, então esse é o limite da arte ? Não causar perda ao outro ? O que os masoquistas diriam disso ? Arte chega para debater questões ? Então se eu fizer uma reunião lá em casa para debater algo isso é arte ? Só se estiver no formato de uma peça de teatro ? Não ? tem limite então ? Arte então é o que nos traz contemplação, reflexão ? Talvez arte seja algo limiar como o fogo… algo no meio do caminho entre o definido e o indefinido, entre o real e o imaginário. Algo que nasceu para ser uma linha do horizonte imaginária que se move mais e mais para longe ao procurarmos alcançá-la e tem como objetivo final somente a nossa própria evolução e a ampliação sensorial, mental, sentimental, espiritual.
Mas essa linha excessivamente ‘borrada’ ao redor da definição de arte causa um problema sério: como valorizar talentos extraordinários ? Como reconhecê-los ? Com um conceito vago tudo se nivela. Alguém que não tenha talento para cantar pode procurar outras formas de arte para se expressar. Então todos somos “artistas” ? Mas aí caímos em outro problema, como reconhecer um charlatão ? Aquele que quer apenas se aproveitar dessa subjetividade para lucrar. Ele pode simplesmente inventar uma historinha para se justificar e pronto: é arte. É justo dar a ele esta liberdade ? É justo que um Michelangelo ou um Rodin sejam comparados em grau de importância a alguém que fez um origami que aprendeu na internet se ele disser por exemplo que aquele avião de papel que acabou de fazer e colocar em cima da mesa é “uma instalação para trazer a reflexão do sentido de voar”. Mas tudo é arte e arte não tem limite. Então, por esse conceito sim… os dois têm a mesma importância.
E a qualidade onde fica ? Ela é obrigatoriamente desassociada da arte ? Arte não tem realmente hierarquia ?
O que estou querendo demonstrar é que embora seja difícil de admitir para muitos especialmente para os menos talentosos que buscam explicações rebuscadas para sua falta de talento, arte tem sim limite. Arte precisa ser estudada. Não é só chegar e fazer qualquer coisa. Vc precisa conhecer quem veio antes de você. Precisa conhecer a técnica ou inventar uma, mas sabendo que aquilo que foi desenvolvido e aprimorado durante muito tempo, ao custo de muito sacrifício e dedicação tem sim mais valor do que aquilo que você acabou de inventar.
Porque se não for assim o que resta ? Decadência. Se não for exigido estudo, qualidade, refino e aceitarmos que absolutamente qualquer coisa é arte, qualquer coisa é válida, o que acontece é que um talento extraordinário não teria qualquer incentivo para se desenvolver. O caminho é para cima. Devemos recusar a espiral descendente em prol da ascendente.
Qualidade é imprescindível. Talento é insubstituível. A arte tem sim limite.

Obediência

Uma palavra que causa arrepios em muita gente: obediência. Parece que só em pronunciá-la já levantamos os escudos.
Acredito que falta consciência do que é “obedecer”.
Repare em primeiro lugar que a palavra por si não está dizendo que a obediência significa submissão à vontade do outro. Você pode por exemplo obedecer ao plano que você mesmo estabeleceu pra si. Pode obedecer sua consciência. Pode obedecer sua moral. Pode obedecer a um estudo que você mesmo fez a respeito de algo.
Mas também pode obedecer a outra pessoa. Não necessariamente isso é sempre mau. Se essa pessoa for de sua confiança e quiser o seu bem isso é inclusive muito bom pra você. Muitas vezes você pode não conhecer alguma coisa e buscar conselho de quem conhece e obedecê-lo pode ser a melhor coisa a fazer.
Mas também tem o caso que alguém querer submeter o outro pra dominar, manipular, subjugar. Nesse caso a desobediência obviamente se justifica. Mas quis mostrar que esse é apenas uma forma corrupta de obediência e não a única, como muitas vezes pode parecer a alguns.
Outra coisa que quero chamar à atenção é que mesmo o mais rebelde dos seres obedece continuadamente, 24/7, sem paradas, dormindo ou acordado. Provo.
A ideia da não-obediência é que você toma uma decisão consciente, livre, de acordo com a sua “vontade”.
Vamos dissecar isso um pouco. O que é “vontade” ? Quantas vezes você tomou uma decisão realmente “consciente” ? Você “teve vontade” de comer um sorvete, “teve vontade” de “trabalhar com este ou aquele tema”, “se sentiu atraído” por esta ou aquela pessoa. Quantas destas coisas foram “conscientes” ? Será que você pode realmente dizer que você tomou uma decisão consciente de sentir isso ou aquilo ? Ou de ter esta ou aquela vontade ? Ou será que você sentiu algo e depois agiu porque sentiu esse algo ? Você tem realmente controle a respeito desse sentir ? Pode deixar de ter vontade de alguma coisa ? Até pode, mas tem que segurar muito. Se for um vício muitas vezes tem que fazer um esforço enorme pra se libertar dele se conseguir.
Então você obedece continuamente. Obedece o que você sente sem qualquer controle de sua vontade.
Você acorda obedecendo. Porque seu corpo não tem mais sono e você tem que sair da cama porque não consegue mais dormir. Depois você obedece ao conhecimento de medicina básico e à convenção social que você tem que tomar um banho ou fazer sua higiene. Depois você obedece sua fome vai tomar café, obedecendo sua cultura de comer o que você foi ensinado a comer no café da manhã, depois você obedece seu corpo que tem alguma necessidade fisiológica, depois você obedece à convenção que você tem que andar vestido, depois você obedece à convenção e à norma social que você precisa estudar ou trabalhar. E assim sucessivamente você segue obedecendo não à sua consciência mas a uma séria de coisas externas ao seu controle consciente. Até que no final do dia você obedece ao sono que está sentindo e dorme e enquanto tá dormindo não tem controle do que você sonha e é obrigado a ver o que quer que seus sonhos tragam a você.
Sua rotina pode ser bem diferente dessa, mas tenho certeza que você pode entender o exemplo que estou dando se não quiser desviar o assunto.
Resumindo: o nível de escolhas conscientes que fazemos ao longo da vida é realmente mínimo. Muito pequeno mesmo. Pense assim: quantas vezes ao longo do dia você realmente analisa com cuidado alguma situação para tomar a melhor decisão ? Muito poucas vezes. E nessas vezes você é influenciado por vontades, sentimentos e externalidades completamente fora do seu controle.
Eu só acredito que um ser humano é realmente desobediente se ele sentir uma necessidade fisiológica e não obedecer a ela conscientemente por um longo período de tempo. Aí eu digo que ele é realmente desobediente.
Então se todos nós obedecemos continuamente, resta a pergunta: se tudo neste mundo necessita de um agente, de uma causa original, de onde se originam e o que são todas essas coisas, essas vontades e desejos que não controlamos ?
A resposta a essa pergunta tem que ser individual, uma resposta de nós para nós mesmos de acordo com nossos conceitos e visões de mundo.
Mas antecipo duas visões que podem auxiliar nessa descoberta: podemos achar que essas vontades inconscientes são nosso próprio eu, que obedecer a elas é obedecer a nós mesmos e por outro lado podemos achar que essas vontades são separadas da nossa identidade.
Se seguirmos pelo primeiro caminho trataremos de satisfazer essas vontades, elas crescerão e elas então controlarão nossa vida, uma vez que acreditamos que elas são nosso verdadeiro eu.
Pelo segundo caminho trataremos de dominá-las reduzi-las e assim ter mais controle e consciência nosso respeito.
Então o que quero demonstrar com isso, é que o caminho da desobediência é o caminho de sua própria escravização. E o caminho da obediência, no sentido consciente acima, é o caminho de nossa libertação e ampliação de consciência.
Então todos nós obedecemos: uns obedecem a suas vontades e desejos e outros a sua consciência e evolução. Mas todos obedecem. Continuamente, sem qualquer pausa e enquanto existirmos.