Quem é o melhor escritor ?

Não dá pra responder essa pergunta. Explico: pra você definir o “melhor escritor” precisaria definir os critérios para avaliação de “melhor”. Estes critérios em qualquer forma de arte são completamente subjetivos. Um crítico com grande nível de erudição pode considerar que “melhor” seja um texto mais críptico que demostre grande nível de conhecimento da língua e de recursos ímpares. Um leitor costumeiro pode ter como “melhor” aquilo que lhe provoca maior impacto emocional. Um fã de um certo autor pode estar até inconscientemente tentado a considerar um novo livro dele melhor do que livros de outros autores. “Melhor” é uma palavra que definitivamente não é consenso.
Meu autor predileto é o Michael Ende (alemão), autor do que é pra mim o “melhor” livro que eu já li na vida, a “História sem fim”. Os critérios que eu uso para considerá-lo o melhor livro pra mim são:

-impacto emocional em mim
-grandiosidade
-grau de imaginação do autor em propor algo completamente além da imaginação comum
-um sentido maior na história
-elementos na história que vc só percebe as conexões com muito esforço e com um tanto de conhecimento “não convencional”
-beleza da narrativa
-forma de escrita (“jeito”) do autor que me é bem familiar
-elementos na história onde me encaixo e especialmente meu sentimento se encaixa.
-entre outras coisas

Tudo isso é extremamente pessoal, extremamente subjetivo e extremamente difícil de ser compartilhado por mais alguém, porque é meu… da minha personalidade que mais ninguém tem.
Além disso, hierarquizar a arte é algo perigoso. Há uma linha tênue que separa essa atitude de preconceito. Tá… eu posso sim dizer que Saramago escreve melhor que J. K. Rowling. Mas mesmo em um caso extremo como esse tem um tanto de adolescentes que não concordam comigo. Olhaí eu sendo preconceituoso. Viu como é perigoso ? 😀 Mas eu posso supostamente fazer uma comparação como essa por causa da enorme diferença de nível entre esses dois autores (posso mesmo ? tem mesmo essa diferença de nível ?). Mas se eu comparar Saramago com Guimarães Rosa a coisa já fica mais difícil. Quem está acima ? Não dá pra dizer que qualquer um deles está acima do outro. Qualquer tentativa de fazer isso muito possivelmente cairá em algum tipo de preconceito como acabei de demonstrar.
Não me entendam mal. Não tô querendo comparar coisas medíocres com coisas elevadas. Existe sim um “nível mínimo”. Não dá pra escrever errado sem estar retratando um falar de algum personagem ou alguma outra situação onde isso seja contextual e intencional. Não dá pra ser fútil ou escrever futilidades. Não dá pra ser falacioso ou raso. Fazendo um comparativo de outro tipo de arte, não estou dizendo que funk é comparável a música clássica. Existe sim uma diferença de qualidade grande entre algumas produções. Mas acima de um nível médio pra alto, aí fica bem difícil fazer isso sem cair em preconceitos.
Ainda tem os escritores técnicos, os poetas, os textos jornalísticos, tudo isso é escrita. Se um escritor técnico for excelente em repassar o conhecimento dele isso também não pode ser considerado “melhor” ? Imagina comparar um escritor técnico com um grande autor da literatura. Será que dá pra misturar alhos com bugalhos ? pra mim dá não.
Cada autor tem suas características, suas particularidades, suas belezas, seus regionalismos. E são todos incomparáveis.

Vamos lembrar do filme “Sociedade dos poetas mortos” e seu mote histórico “rasgem a página que diz que a poesia pode ser medida”.

Rótulos

Muitas vezes ouço pessoas reclamando a respeito de rótulos. Muitas pessoas não gostam de ser enquadradas neste ou naquele grupo social. Eu nunca tive problemas com a noção de rótulos. Explico:
Quando estamos aprendendo alguma coisa, muitas vezes utilizamos metáforas. Por exemplo: quando uma criança está aprendendo a somar, é comum usar objetos físicos para aprender a contar, quando um professor está dando aula, muitas vezes ele dá um exemplo quotidiano para podermos entender melhor, ou seja, nossa mente compreende por conexões com conhecimento já existente.
Também quando estamos contando a alguém a respeito de uma experiência que tivemos e que a pessoa não conhece, muitas vezes a vemos dizer algo como “ah é mais ou menos como isso ou aquilo”. Ou seja, ela está procurando em sua mente elementos de comparação para poder compreender melhor.
Algo que desconhecemos completamente e que não é parecido com nada que conhecemos é muito mais difícil de compreender.
Então nada mais que natural que, ao conhecermos alguém, procurar enquadrá-lo em um determinado rótulo: sóbrio, ativo, ansioso, doido, bondoso, violento, gay, competente, autoritário, negro, branco, oriental, pardo, atraente, feio. Seja lá o que for.
Acredito que fazemos isso pelo funcionamento normal da nossa mente de buscar conexões com o conteúdo da nossa memória.
Então o problema não são os rótulos. O problema são os juízos de valores de alguns rótulos para algumas pessoas. Não tem problema algum eu rotular alguém como “branco”, “negro”, “doido’ ou “gay”, se o meu juízo de valor dessas palavras for positivo ou pelo menos neutro.
O que tem problema é a gente viver dentro de um conjunto de rótulos limitado, sem querer expandir o conjunto dos rótulos que conhecemos e rechaçarmos qualquer contato com quem se encaixe em rótulos que ainda não conhecemos e por isso os avaliamos negativamente.
Alguns grupos sociais usam palavras negativas para se referir aos seus membros e o juízo de valor destes rótulos é positivo. Me lembro do caso do termo “maluco’ usado por alguns para brincar com amigos que compartilham de um lado alternativo da vida. Para eles esse termo, longe de significar desvio mental, significa viver uma vida livre e boa. Me lembro também de uma entrevista que vi recentemente de uma pessoa que tinha pra si um rótulo pesadíssimo para a maioria de nós (“satanista”) e ela explicava que não acreditava em seres supra-materiais. Esse rótulo era apenas o de uma figura que representa a liberdade e a luta contra a tirania. Ela mesma acredita na compaixão com todas as pessoas por mais diferentes que sejam. Ou seja, olhando de perto, poucas coisas são realmente “malignas”. Quantos “bandidos” foram capazes de gestos muito nobres ?
Por isso se o conjunto de rótulos que conhecermos for suficientemente grande, com certeza fica mais difícil dar uma conotação negativa a um rótulo específico. No momento que passamos a conhecer alguém que se encaixe em um dos rótulos que desconhecemos ou avaliamos como negativos e vivenciamos a realidade daquela pessoa a impressão negativa se dissolve. Na maioria dos casos só existe rótulo negativo se este for desconhecido para nós. Na imensa maioria das vezes o mal é apenas a ignorância a respeito de algo.
Então não nos preocupemos com rótulos e com a rotulação. Procuremos expandir o nosso conhecimento e o dos que nos rodeiam, procuremos ter e compartilhar vivências, experiências, contato com o diferente. Quanto mais rica for nossa existência e a dos que nos rodeiam, menos rótulos negativos existirão.

Mentiras

Aquele que quiser viver sem mentir tem que responder a seguinte pergunta:

Você foi convidado para ir jantar na casa de alguém com quem não tem muita intimidade e que é importante pra você (seu chefe por exemplo). A pessoa fez a comida com todo carinho. Ao comer você acha a comida muito ruim. Então a pessoa que fez a comida pergunta se está boa. E aí o que você faz ?

Nessa situação, eu minto sem nenhum peso na consciência. E acho que se você responde essa pergunta dizendo que fala a verdade pra ele, você é muito mal-educado.
Ninguém deve criar inimigos. Devemos criar amigos. Mentir nesse caso não é um ato corrupto. É uma cortesia, um agrado, uma gentileza que fazemos à pessoa que se dedicou a fazer a comida.
Já ouvi um amigo responder a essa pergunta dizendo que ele diz: “está bom”. Sendo que a pessoa entende que é a comida e ele quis dizer que o que está bom é o esforço da pessoa em fazer a comida.
A meu ver isso é uma mentira maior, porque a pessoa planejadamente, conscientemente iludiu a compreensão do outro para que entendesse uma coisa que ele não disse. É uma farsa pior que uma mentira porque envolve planejar a ilusão da compreensão do outro. A meu ver é muito mais honesto uma pequena mentira do que essa manipulação da compreensão.
Precisamos entender que não estamos num planeta puro. As pessoas estão cheias de melindres, vaidades, orgulhos. Se afrontarmos esses aspectos diretamente ao invés de sermos considerados “verdadeiros”, criamos inimigos. Somos considerados grosseiros, mal-educados. Muitos usam a expressão “sou autêntico(a)” pra justificar sua má-educação.
Então as consequências de dizer a verdade neste caso são muito piores do que dizer a mentira.
Mas o objetivo deste texto não é fazer defesa da mentira em todos os casos. Existe um limite a partir do qual a mentira é algo muito pernicioso e que deve ser realmente evitada.
Então fica a questão: qual o limite ? até onde devemos mentir e a partir de que ponto devemos falar apenas a verdade ?
Acredito que podem existir outras formas de dar esse limite. Eu uso a seguinte fórmula: toda aquela mentira que se for descoberta será compreendida como gentileza, cortesia, deve ser dita. Toda aquela mentira que se descoberta, será considerada traição NÃO deve ser dita.

Distopia ou Utopia ?

O mundo nunca foi um lugar fácil. Injustiças sempre existiram. Mas acho que o que todos queremos é viver em um mundo melhor, seja lá qual esse mundo for. Acredito que todas as pessoas quando argumentam, quando opinam sempre querem o bem.

O bem é uma unanimidade. Mesmo quem diz “querer o mal” a alguém o faz pensando em um senso de justiça, que é algo bom. Quando alguém faz faz mal a outra pessoa ou a muitas outras pessoas ela ainda quer “o bem’. Apenas quer “o bem” para si mesmo. Mas ainda é “o bem”. E mesmo quando ela segue no caminho do “bem pra si” ela pensa que só está fazendo isso porque o mundo “assim obriga”.

Então todos querem o bem. Todos querem o bem quando defendem conceitos como a meritocracia, penas mais duras, pena de morte, ordem, governo forte, desenvolvimento econômico, mais empregos.

Cada um ter que fazer por onde merecer é um conceito que parece a muitos, lógico, correto, digno. O sofrimento de quem fez sofrer parece nada mais do que a justiça. A eliminação de um indivíduo que parece a muitos nocivo parece nada mais que um alívio. Governo forte que ponha ordem na casa parece um pilar da paz. Desenvolvimento econômico lembra progresso, vida melhor. Mais empregos lembra mais desenvolvimento mais progresso.

Mas esses pensamentos e opiniões caem facilmente por terra se confrontados com algumas realidades simples, porém esquecidas.

É conveniente falar em meritocracia quando se teve uma vida difícil, mas pelo menos possível. Quando a gente conquista coisas com dificuldade mas vai conseguindo progredindo na vida. Não falo nem de quem nasceu com todas as condições porque aí é hipocrisia. Mas compreendo que quem teve uma vida difícil e conseguiu progredir ache que a meritocracia é a melhor opção. Quem vai por este pensamento esquece dos milhões que passaram fome na infância e têm dificuldades de aprendizagem, esquecem de quem teve doenças na infância por desnutrição, esquece dos muitos meios sociais intelectualmente deficientes nos quais estudar é até ridicularizado. Quantos milhões de seres humanos foram criados assim ? como fazê-los progredir se nem querer eles querem ? Se sua cultura e valores estão voltados para uma cultura que os aprisiona ? O progresso, o estudo, uma vida melhor para quem nasceu ali não é difícil. É impossível. Porque estão de tal forma condicionados ao imediatismo que a própria perspectiva de evolução não se apresenta.

O que fazer com eles ? Eles merecem morrer por não terem a capacidade para se encaixar no “esquema das coisas” ? Merecem morrer por não terem perspectivas ? O que fazemos com o “seu fulano” que mal sabe fazer as quatro operações ? Vamos matá-lo também ? mesmo ele sendo uma boa pessoa que nunca fez mal a ninguém e sempre tratou todo mundo bem ?

Alguns deles são tão ruins em fazer escolhas certas na vida que só vêm a criminalidade como opção. Sua mente simplesmente não vê outra saída. O que fazer então ? Será que a pena de morte é o adequado a todos eles ? devemos realmente trazer de volta as “câmaras de gás” nazistas para dar conta de todos eles ?

Será que não é a nossa mente que está também limitando suas opções ?

Se concordamos que pessoas sem capacidade e que tendem a fazer péssimas escolhas não merecem morrer, começarmos a enxergar que a atual estrutura social que vivemos não tem como resolver os problemas sociais. Ela é que é a fonte dos problemas porque se baseia na premissa de “cada um por si”.

Alguns simplesmente não têm a capacidade de sobreviver dignamente por si próprios. E agora ?

Não me diga que projetos assistencialistas do governo vão resolver isso porque não vão. Estes projetos são sempre de alcance limitado e são somente paliativos e muitas vezes estão lá apenas para que o governo possa fazer propaganda em tempo de eleição.

Você pode também observar o que está surgindo ao nosso redor. Com certeza tem ouvido cada vez mais se falar de drones. Drones entregando coisas, drones garçons, drones militares. Você vê a automatização ganhando força substituindo profissões em todos os lugares, desde as mais complexas indústrias até lanchonetes. Você está vendo a indústria automobilística competindo a toda velocidade para colocar carros autômatos no mercado. Você vê impressoras 3D cada vez mais baratas e produzindo coisas cada vez mais complexas. Você vê robôs substituindo soldados em todo canto.

Pergunto: o que será de nossa estrutura social “capitalista”, do nosso modelo dito “econômico” quando o desemprego atingir 90% ou mais ? Quando não houverem mais empregos porque todos os empregos forem substituídos por robôs ? Quando todos os caminhões, trens, aviões, carros e motos que hj são conduzidos por pessoas forem autômatos ? Quando a TV tiver acabado porque ninguém mais assiste a uma mídia onde não podemos escolher nem quando nem o que assistir ? O que farão os jornalistas quando não existirem mais jornais porque blogs são muito mais interessantes e direcionados ? Quando o diagnóstico médico for muito mais correto usando redes neurais e quando os cirurgiões forem substituídos por robôs mais precisos ?

Ainda teremos condições de manter a fantasia da ‘meritocracia” ?

Você acha realmente viável com a população aumentando do jeito que está fazer uma sociedade intelectualmente deficiente alcançar o nível de trabalhar em profissões intelectualmente avançadas ?

Só há um caminho possível: cada ser humano tem que ter todas as condições para viver, apenas porque nasceu. O “merecimento” dele é ter nascido. Todas as condições implica: casa, comida, roupa, materiais de estudo, móveis, transporte, assistência médica e materiais de estudo livres. Tudo tem que ser livre pra todos.

Ria. Parece utópico né ? Mas você prefere utopia ou distopia ?

Ao contrário de utópico esta ideia é que é a realidade de facto. Dinheiro, modelo econômico, estado, lei, emprego, meritocracia, capitalismo, bancos, empresas… tudo isso são apenas construções sociais.

Necessidade de ter uma casa, necessidade de comer, necessidade se vestir (frio), necessidade de estudar como as coisas funcionam, necessidade de utensílios para manipular coisas, necessidade de transporte, necessidade de assistência médica são coisas criadas pela natureza, uma força muito maior que qualquer construção humana.

Pense da seguinte forma: o que está acima ? nossas construções sociais ou as forças naturais que regem o homem ? o que é mais importante ? a sobrevivência do homem ou a sobrevivência de uma estrutura social criada por ele ?

Não tem jeito: é o homem que tem que se adequar à natureza e não o contrário como nossa arrogância às vezes faz parecer.

Então você pode pegar essa ideia e usar palavras marcadas como “assistencialismo”, “comunismo” ou outras. Eu vejo como única opção possível garantir a sobrevivência e vida digna de todos.

Só nos livramos de um futuro distópico se acreditarmos que a utopia é possível e começarmos a caminhar pra lá.

A respeito do “Caso dos exploradores de cavernas”

Há algum tempo li um pequeno livro que é muito usado nos cursos de Direito: “O caso dos exploradores de cavernas” de Lon L. Fuller. O livro expõe um caso fictício, um julgamento e as diversas argumentações que os personagens juristas fizeram do caso. Faço um breve resumo:

Alguns exploradores entraram em uma caverna e houve um desmoronamento que fechou a entrada da caverna. Depois de algum tempo a família enviou resgate, mas foi difícil, novos desmoronamentos ocorriam. Depois de 20 dias conseguiram se comunicar e eles perguntaram quantos dias demorariam pra sair. O resgate perguntou se podiam aguentar sem comer por mais 10 dias e a resposta foi negativa. O canibalismo foi considerado. A escolha era: ou morriam todos ou apenas um morria. Jogaram-se os dados e um deles perdeu, foi morto e devorado pelos demais. Quando o regate chegou eles foram levados ao tribunal para serem julgados pelo ato.
Em seguida temos as várias opiniões: um jurista defende a absoluta necessidade deles e argumenta que as leis não estavam valendo porque as leis são sociais e ali não é uma sociedade. Outro pergunta em que momento elas deixaram de valer, se compadece porém se atém à letra da lei. Outro diz que compreende mas o trabalho dos juristas não é moral, é legal. Outro vai segundo a opinião pública de libertar. No final, embora todos os juritas saibam o que é o correto a se fazer (a libertação dos condenados) pelo empate a 1a opção da letra da lei vale e eles são condenados à morte.

Ao ler este texto na perspectiva de leigo na área de direito, a impressão que tenho é de completa falência desta área profissional. Se um texto como esse é o “recomendado” aos acadêmicos, então o melhor é procuramos outra forma de trazer a justiça pra sociedade. Essa não deu certo.
A função primeira do direito é fazer justiça. Corrigir distorções. Punir atos reprováveis. Não é função primeira a interpretação de texto. A justiça tem que vir antes de qualquer lei. Leis são apenas construções humanas. Frutos da vida em sociedade e da cultura humana. A justiça está acima disso.
Parece-me que neste caso engrossamos demais o “verniz civilizatório”. Criamos um sistema de leis para poder julgar conflitos e ao invés de julgarmos e fazermos justiça nos atemos a “qual a interpretação mais correta de um texto”. Deveria existir um instância acima destes textos que criamos. A instância da justa medida de cada um. Dar a cada um o seu quinhão. Não, não sou Maçon. Mas esta expressão serve como uma luva neste caso.
Na verdade esta instância existe. Apenas não é aplicada pelos homens. Mas. assim como qualquer outra coisa, quem criou o direito fomos nós. Temos a capacidade potencial desentortá-lo. Mas antes precisamos ter em nós o praticado da justa medida, dando a cada um seu quinhão. Enquanto estivermos querendo fazer leis para ganharmos vantagens sobre os outros, continuaremos a ensinar nossos acadêmicos de direito com textos de introdução à corrupção como “O caso dos exploradores de cavernas”.

Balizar-se

A vida pode ser vivida deixando que os acontecimentos nos conduzam. Podemos ser apenas passageiros no barco da vida, nos sentindo bem quando acontecem benesses e mal quando o sofrimento se apresenta.
Para quem assim vive, pouco importa o juízo de valor do comportamento pois apenas sente o passar do tempo sem ser um agente ativo em seu destino.
Mas um bom número de pessoas se preocupa sim em procurar acertar em suas decisões. Em achar um “norte” uma “direção”. Algo que sirva como balizador, que possa servir de guia para as decisões que surgem na vida de cada um.
Este balizador é dado por uma multiplicidade de meios: pais, escola, amigos, conhecimento científico, religião e a própria experiência de vida são alguns deles. Normalmente se apresentam em forma de ensinamentos que aprendemos e refinamos ao longo da vida.
Algumas pessoas procuram criar sistemas, métodos de aprendizagem, grupamentos de ensinamentos que procuram auxiliar a viver. Cada um deles adequado a algumas compreensões e inadequado para outras.
Vejo entretanto que estes ensinamentos têm uma polarização binária: alguns têm como base uma atitude mais voltada ao individualismo e outros ao coletivismo.
Vejo na raiz deles 2 visões arquetípicas:
-a visão individualista competitiva de que cada ser humano deve buscar o melhor para si mesmo, tendo como meta seu desenvolvimento pessoal e portanto esse objetivo faz com que (para ele) sua individualidade tenha importância superior ao outro. Nesta visão o “si mesmo” é muitas vezes disfarçado como “minha família”, “meus amigos”, “meu meio”, de forma a justificar pra si mesmo a correção do seu pensamento. Reparemos que neste caso justifica-se dizendo que não é “para si” e sim “altruisticamente” para a família, amigos, etc.
-a visão coletivista cooperativista que já compreende que o nosso bem depende do bem comum porque cada ser humano está intrinsecamente ligado a todos os outros seres humanos na Terra. O sofrimento de um ser humano que às vezes parece estar tão longe de nós, é sujeito a nos atingir rapidamente.
Vejo que dessas duas visões, apenas uma é verdadeira. A outra é uma ilusão, que leva no final das contas à outra porque a pessoa, ao buscar o caminho da visão individualista/competitiva, percebe que o sofrimento que ali existe e que às vezes precisa gerar, retorna pra ela em forma de portas fechadas, oportunidades perdidas e (falando genericamente) mais sofrimento.
Já na outra visão procuramos nos melhorar, pensar menos em nós e pensar mais enquanto coletividade humana. Procuramos auxiliar à melhora da humanidade como um todo.
Então se somos uma dessas pessoas que busca um norte, que busca encontrar quais os melhores conceitos para nos guiar vejo que precisamos tomar uma decisão antes de qualquer outra: escolher qual das visões queremos que norteie nossa vida.
Qualquer decisão que tomemos a este respeito é boa, porque um caminho leva à evolução à busca por um aprimoramento constante e o outro leva ao aprendizado de que este primeiro objetivo é que é o único caminho possível.
Quando escolhemos a visão coletivista, a visão de entender que o coletivo é superior ao individual, ampliamos nossa perspectiva da realidade e as pequenas contrariedades do dia a dia ganham uma dimensão muito menor e mesmo nossa própria individualidade diminui.
Então compreendemos que há necessidade de trabalhar para que estes sentimentos possam se multiplicar e ir melhorando a humanidade ao longo do tempo.
Procuramos então o caminho da ética, de afastar os sentimentos duros, pesados e procuramos cultivar os bons sentimentos e o desapego da negatividade.
Aprendemos a dosar firmeza de propósito, complacência, justiça e bondade. Apendemos a abandonar o que piora os nossos sentimentos e fortalecer o que os melhora.
Aceitamos então isso como nosso dever e assim passamos conduzir nossa vida. Esta ética passa a ser o nosso balizador e não mais o querer pra si (leia-se para nossa família/amigos/meio/país), porque compreendemos que nossa família é a humanidade e só há possibilidade de recebermos boas coisas quando toda a humanidade também receber. Porque senão para que sejamos felizes temos que o olhar para o lado e não ver o sofrimento alheio, o que já carrega um egoísmo em si. Há que trabalhar por uma ética para a humanidade, ao invés da busca do melhor pra si. Procurar a coragem de fazer o que é necessário, procurar desenvolver em nós a paciência com nosso próximo, a bondade inquebrantável mesmo perante a injustiça, a retidão de caráter, a sobriedade, a fidelidade e lealdade sem comprometer a ética. Procurar o equilíbrio no pensamento e nas decisões. Focar no trabalho árduo para nos melhorarmos e melhorarmos a humanidade como um todo.
Todos nós estamos neste caminho. Com uma ou outra visão, só há um caminho. Porque um caminho leva ao outro.
Sendo assim nossos irmãos que estão procurando acertar mas cometem erros (às vezes graves) precisam ser tratados com o balizador que escolhemos inicialmente: se a pessoa escolhe o balizador da individualidade, estes irmãos passam a ser um problema no caminho de realizar suas aspirações e só o que importa é tirá-los do nosso caminho. Ao tratá-los desta forma recebemos mais sofrimento e nossas aspirações ficam ainda mais distantes.
Já se escolhemos o balizador da coletividade compreendemos que quando encontramos um irmão no erro o que ele precisa é de auxílio para encontrar o caminho para fora daquela situação e assim trazer paz pra ele e pra nós. O melhor neste caso é entender que nós temos uma ligação com aquele ser por mais distante que ele nos pareça agora.
E é por isso também que precisamos compreender que para alguns casos há necessidade daquele irmão passar por um sofrimento para que possa enxergar melhor como evoluir.
E é por isso que precisamos do balizador da ética para podemos entender que este processo precisa iniciar em algum momento e quanto antes aquele irmão chegar na correção do seu comportamento melhor.
E é por todos esses motivos que em certos casos mais graves precisa também de haver a coragem para intervir uma vez que todos nós fazemos parte da coletividade. Intervir dentro da correção, da retidão, da ética e da bondade mas também não ser complacente com delitos graves, porque não devemos permitir que o erro seja perpetuado. Erros são para serem corrigidos.
Mas há que ter o bom senso de distinguir quando uma situação é grave o suficiente para isto e quando um irmão errou mas está se esforçando por melhorar.
Então concluindo, o que precisamos entender é que o balizamento pela coletividade é o único caminho possível e neste caminho precisamos pautar pela ética, correção, equilíbrio, fidelidade mas também precisamos auxiliar nossos irmãos a chegarem a um momento melhor em suas vidas, tendo coragem pra fazer o que é necessário e não sendo coniventes com comportamento que geram sofrimento e levam a mais sofrimento para ele e para os outros.
Precisamos de paz e paz só se constrói em união. Todos juntos dando as mãos nos auxiliando mutuamente a subir pra uma compreensão mais elevada e um mundo mais justo.

Suco de laranja

Já reparou como você encontra suco de laranja natural em qualquer lanchonete ? E como suco de outras frutas na maioria das lanchonetes é sempre de polpa ? A razão é óbvia. Pra se fazer suco de laranja natural é tão ou mais fácil do que fazer suco usando polpa de fruta. É só cortar as laranjas e espremer no espremedor.
Mas para outras frutas já é mais difícil. Bananada precisa descascar, cortar e colocar no liquidificador, manga dá trabalho pra descascar antes de fazer o suco, uva precisa tirar os caroços uma a uma senão fica azedo e assim vai.
Então se você se contenta com um suco de laranja, você pode encontrar em qualquer lugar. Não que o suco de laranja seja ruim. Ele é só… comum.
Já sucos naturais de outras frutas, só em casas de sucos, nas melhores lanchonetes ou se preparar você mesmo.
Mas aí precisa estar preparado para ter mais trabalho para tomar suco de uma fruta menos comum que uma laranja. Precisará descascar, às vezes tirar os caroços, às vezes remover as sementes. Mas também se deliciará com algo menos corriqueiro que um suco de laranja.
Para os incautos: por favor leia nas entrelinhas. Este não é um texto a respeito de sucos.

Serenidade

Às vezes fico pensando nas fortes emoções que alguns esportes radicais provocam. Eu entendo bem essa sensação, era ela que me levava a buscar mais e mais emoções intensas. Quem tem essa sensação dentro de si busca a intensidade do momento. Busca fazer algo acessível a muito poucos seres humanos. Expandir os limites da capacidade humana. Ou ao menos é isso que ele(eu) diz(ia) a si(mim) mesmo.
Até hj eu acharia legal voltar a saltar de pára-quedas ou passar raspando na beira de uma montanha a 200 km/h num desses novos wingsuits, ou entrar pro clube dos 300km/h. Ou viajar pelo mundo em lugares extremos.
Fico pensando… é útil essa vontade ? de superar limites físicos ? de experimentar o que poucos experimentam ?
O que eu ganhei com muitas emoções intensas, muitas aventuras, viagens e outras coisas como essas ?
Bem eu…
Aprendi a pensar e reagir rápido.
Aprendi a ser duro, a não me importar com condições ruins, aprender a suportar condições adversas por longos períodos de tempo.
Aprendi que quando estamos na frente temos que manter a velocidade ou quem está atrás logo nos alcança.
Aprendi que o custo de errar é o chão. E apesar de saber disso, simbólicamente fui pro chão da vida várias vezes.
Aprendi que precisamos pensar antes o que pode acontecer e estar atento pras distrações do outro pq elas podem custar a vida.
Aprendi que se a pessoa não se prevenir, pode acordar no céu rapidinho (se tiver sorte).
Ganhei um vício por experiências/sensações/emoções extremas do qual é difícil se libertar. Não se contentar com nada que não seja extremamente intenso e achar o mundo chato por causa disso, o que impede a paz, pq pra haver paz há a necessidade de serenidade.
Ganhei um saco bem cheio por qualquer tipo de “competição” e a compreensão de que cooperar é bem melhor que competir.
Então por todas essas coisas, ainda é útil esse sentimento de “ir além” ?
Se examinarmos bem, o que está por trás desse sentimento ? poderá ser o orgulho de querer ser melhor e mais capaz do que o outro ? Se analisarmos ainda mais será que chegaremos a ver que isso é uma defesa por se sentir pouco respeitado pelos outros ?
A humanidade avança por alguém conseguir dar 3 giros no ar com uma moto ? ou por se conseguir uma cesta de 3 pontos de costas ? ou por saltar de um penhasco com um páraquedas ?
Às vezes eu acho que sim. Às vezes eu acho que não.
Os motivos para o “sim” são dar ao ser humano a prova de que nada é impossível a ele. Inspirar a fazer mais e mais. Evoluir a ele e aos limites da humanidade com ele. O custo é a perda de vidas e várias vidas mutiladas.
Os motivos para o “não” são se aproximar de seu irmão e evoluir mais devagar junto com ele. O custo são vidas monótonas e sem sentido para todos aqueles para os quais a intensidade é o que inspira suas vidas.
Talvez seja melhor o caminho do meio. Do equilíbrio. Viver vidas pacíficas e calmas com “pitadas” de aventura, para expandirmos nossas mentes mais devagarinho.
Talvez todas as opções estejam certas. Pode ser que para os que têm essa necessidade de intensidade, eles precisem vivê-la e colher as conseqüências para assim aprenderem a ir para mais perto de seus irmãos mais calmos. E os mais calmos precisem viver vidas monótonas para ficar de saco cheio suficente para que queiram viver a vida com intensidade, para depois aprender mais e retornar à calma mais pra frente, mais experientes, mais vividos e com uma serenidade mais verdadeira.
Quando penso assim sinto uma verdadeira serenidade. Que tudo está certo e caminha para a evolução. Que cada coisa tem seu lugar, intensidade, serenidade, calma e monotonia (ou devo dizer paciência ?).
Sim… mas e qual é a MINHA resposta ? Não tenho certeza. Acho que o objetivo deste texto não era desde o início dar certeza e sim promover a reflexão.
Cada um que chegue à sua própria serenidade.

Violência doméstica

Nos meus textos eu procuro mostrar o meu lado melhor. As melhores coisas em que acredito e as melhores idéias e ideais com os quais já tive contato.
Mas nem sou tão bom assim. Apesar de ter bons ideais e bons sentimentos, como todo mundo tenho minha parte ruim, belicosa, agressiva. Tenho dificuldade de me controlar com certas coisas que dentro da visão limitada da minha realidade me parecem muito injustas ou nocivas. Como todo mundo nem sempre a razão fala mais alto em situações quotidianas e tem vezes que eu mando um praquele lugar.
Quando isso acontece, ou seja, quando a pessoa não consegue sobrepujar os aspectos animalescos que existem dentro dela o mundo descarrega sobre ela todas as frustrações de seus própios aspectos animalescos reprimidos.
Por isso hoje eu quero falar de um assunto bem polêmico: violência doméstica.
Sabendo que eu também tenho esses aspectos psicológicos que falei acima, dentro de mim, muitas vezes olho casos como esse e penso: se eu fosse pressionado acima de um certo limite, poderia ser eu ? O que não está sendo dito naquele discurso superficial de jornalismo sensacionalista barato, ao qual só interessa criar monstros para obter mais audiência através da terrivemente anti-ética prática da ampliação da revolta das pessoas ?
Muito vezes eu vejo essa assunto ser debatido mas vejo muita superficialidade nesse debate, hipocrisia, parcialidade e vejo que muitos dos aspectos mais relevantes pro debate nem são trazidos à tona como se não existissem.
É sempre o mesmo velho discurso: meu marido me bateu porque ele é um homem violento, porque estava bêbado, porque ele tem ciúme, porque ele é ignorante. Nunca vi uma única reportagem que fosse até o homem perguntar porque ele bebe tanto ? Como ele chegou a isso ? Ele sempre foi violento ? O que outras pessoas que se relacionaram com ele antes pensam dele ? Qual a historia dele ? Porque um homem é violento com uma certa mulher e doce com outra ?
Há mesmo muita hipocrisia e um sempre presente “olhar pro lado que convém”.
Antes que os(as) policatamente corretos e revoltados de plantâo venham com 10 pedras na mão, quero deixar bem claro: Não eu não tô defendendo homem que bate em mulher. Só tô lembrando os muitos aspectos que foram deixados de lado nesse debate. Alguns deles:
-Algumas mulheres batem (às vezes muito) em homem também e de forma que agredide muito sua dignidade. Não é só tapinha de leve não. É chute no saco, soco no meio da cara, arranhão de cara inteira, pontapé, entre outas coisas.
-Algumas mulheres agridem verbalmente, constantemente e de uma forma muito perniciosa, procurando os adjetivos mais grotescos e que atingem diretamente as fraquezas que elas sabem que o homem tem.
-Um casal às vezes tem uma ligação muito forte um com o outro. Não é só sair da relação. Uma das piores superficialidade que eu vejo ser comentada sobre esse problema é: “a relação tá ruim ? Termina”. Como se isso fosse fácil assim. Não é assim. Terminar dispara muitas inseguranças. Vai ver que quem fala isso tem um excepcional corpo e é só querer e tem o parceiro que quiser. Mas pra maioria da pessoas simplesmente não é assim. Elas têm gostos e culturas às quais a maioria deas pessoas não se adequam e é muito difícil encontrar um novo namorado. Muitos ficam anos sozinhos e por pior que seja a relação a idéia de muitos anos de solidão é pior. E sempre existe a esperança que as coisas melhorem. E às vezes as pessoas realmente melhoram e amadurecem.
-Algumas pessoas parecem achar normal relacionamentos extra-conjugais e querem que essas situações sejam tratadas como a normalidade. Mas não é normal não. É uma traíção de confiança muito grave que é sujeito gerar em quem é integro terríveis sentimentos que, no mínimo, criam uma dificuldade colossal à vida da pessoa que passa por isso ao se esforçar por controlá-los.
-Existem mulheres com neuroses profundas, que expoem seus companheiros, família e pessoas próximas a um sem fim de dificuldades diárias criando problemas onde não existem e sendo a fonte dos problemas ao invés de ser o porto seguro que lhes caberia ser.
-Muitas mulheres têm um comportamento dúbio. São uma coisa dentro de casa e outra para a sociedade. Como o único que convive com ela o suficiente para ver essa diferença é o companheiro, isso cria nele o pior dos sentimentos porque, ao contrário dos que os outros vêm, ele sabe que ela está manipulando e que ela não é o que diz ser.

Precisamos saber diferenciar um psicótico que bate e tortura sua companheira de alguém que foi submetido a uma pressão constante e num momento de desespero comete um erro. Erros são erros, alguns mais graves que outros, mas quem é que erra mais ? Quem não aguenta a pressão de uma relação doentia e explode ou quem rotineiramente, diariamente, muitas vezes por dia provoca, grita, reclama, cria toda sorte de problemas muitas vezes por coisas infímas do dia a dia até que aquela reação aconteça por desespero ? Quem é o monstro nessa história mesmo ?
Claro que todos os argumentos acima podem ser invertidos, é só tirar a palavra ‘mulheres’ e colocar ‘homens’ no lugar e se torna igualmente válido. Inclusive concordo que a versão mais válida dessa idéia seja realmente a masculina. Há mais homens violentos que mulheres. Mas a idéia desse texto, é lembrar o que nunca é dito, por isso estou querendo lembrar que não é sempre assim, porque quando é o homem a vítima da violência. Quando o homem é que é submetido à neurose, muitas vezes psicose da companheira, ele está sozinho. Ninguém acredita, porque é muito mais fácil acreditar que uma mulher é a vítima do que acreditar que a mulher, muitas vezes frágil, pequena e bonita seja capaz de comportamentos tão perversos que levam o homem ao desespero.
De novo, não tô defendendo agressões. É óbvio que o certo é terminar quando a relação tá desse jeito. O objetivo é ampliar a compreensão, explicar COMO se chega a certas situações que são em si injustificáveis. Não há justificativas para uma agressão. Mas há motivos. Que podem ser evitados. E algumas vezes por trás delas há centenas, milhares de pequenas agressões ao companheiro, que por não serem físicas, não são consideradas. Mas que se fosse possível somá-las e apresentá-las todas juntas de alguma forma, claramente se mostrariam de gravidade maior do que a agressão física.
Eu sei que esse texto é bem polêmico. Eu sei que muitas pessoas que o lerão chegarão a esse ponto do texto com um sentimento de revolta dentro de si. Mas convido-o caro leitor a entender que eu não estou falando daquele caso do cara que matou a mulher ou que batia nela durante anos seguidos ou que a perseguia ou que jogou ácido nela. Esses casos parecem ser o padrão porque eles são mais destacados pela mídia na busca por audiência. Estou falando de casos onde a violência doméstica acontece porque a relação está desgastada por tantas brigas. Nesse caso o que acontece é que o agressor, mesmo com as situações acima passa a receber o peso do cara que joga ácido, que mata, que persegue. Porque essas situações mais graves provocam uma revolta contida à qual as pessoas ficam presas e com muita vontade de achar quem dê vazão àquele sentimento ruim. E quando se encontra alguém que se encaixe num padrão que todos concordam que é errado, é o estopim e ninguém nem pensa em saber melhor da situação ou ir além das aparências. Despejam sua revolta em quem lhes parece encaixar nos seus modelos mentais de ruindade. Mas além de um fato isolado existe muitas vezes uma enorme complexidade e uma trama de acontecimentos que levaram àquele péssimo momento.
Ampliar nossa capacidade de compreensão e entendimento é crucial para podermos ter uma sociedade mais justa e pacífica no futuro.
Este texto é também um apelo às mulheres. Lembrar que coisas que parecem a vocês “coisa de mulher”, como reclamações constantes, brigas por pequenas coisas, se aproveitar da tpm pra fazer da vida do homem um inferno, neuroses, inseguranças, em resumo falta de paz, criam uma pressão muito grande nos seu companheiro. Uma enorme dificuldade na vida dele. Sendo um homem normal com certeza ele já tem problemas que chegue. Auxilie-o. Não seja você a colocar mais carga nos ombros dele. Ele é humano. Um dia é sujeito a ele não aguentar e vir uma situação que ninguém quer.
Homens e mulheres foram feitos pra se amar, se apoiar mutuamente, ser confidentes, ter confiança um no outro e contruir uma vida boa juntos em paz.

Devido à natureza por demais polêmica desse texto e para não criar mais uma inútil flamewar, estou desabilitando os comentários para este texto especificamente. Caso tenha algum comentário, pode usar o meu e-mail pessoal ao lado.